Compra de Pasadena seguiu expansão definida no governo de FHC

CPI Petrobras – Resumo 2: compra da refinaria dos EUA não dependia de voto da então ministra Dilma Rousseff, presidente do Conselho

Compra de Pasadena seguiu expansão definida no governo de FHC

Gabrielli: É impossível saber se
voto contrário do presidente do
Conselho mudaria decisão

Explicando a aquisição da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que o negócio da compra de uma refinaria nos Estados Unidos, em 2006, seguia a estratégia do plano de negócios da empresa para o período de 1999 a 2005, feito ainda na durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.  Gabrielli esteve à frente da empresa entre 2005 e 2011 e foi chamado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras nesta terça-feira (20) para explicar detalhes da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas, e as denúncias de superfaturamento em obras de refinarias.

Respondendo a questionamentos do relator, senador José Pimentel (PT-CE), Gabrielli explicou que, em 1999, a aquisição adquirir uma refinaria fazia todo o sentido. O Brasil descobrira um enorme campo de petróleo na Bacia de Campos – o Campo de Marlim, que tinha um potencial muito grande de produção. “Se eu vou ter um a grande produção, preciso de refinarias”, disse Gabrielli, detalhando por que a direção da estatal pensou em adquirir refinarias na Bolívia, Argentina e Estados Unidos.

Gabrielli enfatizou que as refinarias brasileiras são capazes de processar petróleo leve e o Campo de Marlim produzia petróleo pesado. “À época, os Estados Unidos viviam um verdadeiro boom de demanda por petróleo anos dourados do refino e se preparavam para aumentar as importações de petróleo pesado”, explicou, acrescentando que a Petrobras vislumbrou a perspectiva de aumentar as exportações de petróleo cru para os Estados Unidos ou processá-lo numa refinaria de sua propriedade. “Essa estratégia foi feita em 1999, volto a repetir”. Vale observar que essa decisão foi tomada ainda no governo tucano.

Segundo afirmou, Marlim tinha um potencial muito grande de produção. “Não há perspectiva de refino desse petróleo no Brasil e se eu vou ter uma grande produção, preciso de refinarias”, disse.

 A compra de Pasadena, foi  recomendada em 1999 para melhorar a qualidade do refino, explicou.  A partir daí, foi decidida, também , a capitalização da empresa, que, de acordo com o ex-presidente, foi feita de modo a recolher recursos não para a Petrobrás, mas para os caixas da empresa. “Já na oferta de ações de 2009, a empresa foi de fato capitalizada”, disse.

Pimentel perguntou a Gabrielli se ele considera a presidenta Dilma Rousseff responsável pela aquisição da Refinaria, já que, como ministra da Casa Civil à época, ele era presidenta também do Conselho. “Dilma é conhecida por suas decisões muito firmes, mas é preciso observar que as decisões na empresa são colegiadas”, recordou .

Para ele, como não há como prever qual seria a decisão majoritária do Conselho em 2006, ainda que a presidenta demonstrasse, na época, a posição que ela defende agora. “Não há como avaliar o resultado de uma decisão levando em conta um aspecto que não ocorreu”, observou, sempre lembrando que a opinião do Conselho de Administração tem peso entre os demais conselheiros, mas que a decisão é colegiada – ou seja, de todos os seus integrantes.

Ele observou que todas as decisões do Conselho Executivo da Petrobras são feitas após a entrega de “sumários executivos”, que são resumos notados com base em documentos originais.

Aquisição de Pasadena

Ainda sobre a aquisição de Pasadena, Gabrielli disse que a diretoria decidiu pela compra de 50% da refinaria em setembro de 2005. A primeira proposta foi apresentada em fevereiro de 2006 e a decisão, tomada em setembro de 2006.

Sobre a “famosa” cláusula Marlim, que garantia rentabilidade mínima para um dos sócios, Gabrielli disse que só ficou ciente da regra depois da aquisição. “Foi ainda na lua de mel da compra que começamos a ter problemas”, resumiu, ao relatar que as divergências se concentraram no plano de expansão pretendido pelo estatal brasileira, mas que a empresa sócia disordava.

O litígio entre a Petrobras e a Astra começou em 2007 e se desdobraram em seis ações judiciais, afirmou. “Eram interesses que não combinaram. Tivemos divergências irreconciliáveis, um divórcio litigioso”,disse, destacando que enquanto os sócios da empresa estavam interessados na comercialização, a Petrobras priorizava a comercialização.

Giselle Chassot

 

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