“Para destruir instituições ou pessoas, se começa a falar mal”. É assim, na avaliação do Papa Francisco, que instituições ou pessoas são destruídas, com uma “comunicação caluniosa”. “As ditaduras, todas, começaram assim, adultera-se a comunicação, para colocá-la nas mãos de uma pessoa sem escrúpulo, de um governo sem escrúpulo”, disse o sumo pontífice em homilia proferida na missa na Casa Santa Marta, nesta segunda-feira (18).
A matéria do Vatican News foi publicada na manhã desta segunda, uma semana após a tentativa realizada pela mídia brasileira de desqualificar a visita de um assessor do Vaticano ao presidente Lula. Na semana anterior, o Papa já havia feito referência ao comportamento da mídia monopolizada que ataca e criminaliza as pessoas, depois condenadas pelo judiciário.
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[blockquote align=”none” author=”Papa Francisco”]Por exemplo, pensemos: há uma lei da mídia, da comunicação, se cancela aquela lei; se concede todo o aparato da comunicação a uma empresa, a uma sociedade que faz calúnia, diz falsidades, enfraquece a vida democrática. Depois vêm os juízes a julgar essas instituições enfraquecidas, essas pessoas destruídas, condenam e assim vai avante uma ditadura. As ditaduras, todas, começaram assim, adulterando a comunicação, para colocar a comunicação nas mãos de uma pessoa sem escrúpulo, de um governo sem escrúpulo[/blockquote].
A reflexão de Francisco parte da história de Nabot narrada na Primeira Leitura, no Livro dos Reis. O rei Acab deseja a vinha (terreno plantado com videiras) de Nabot e lhe oferece dinheiro. O terreno, porém, faz parte da herança dos seus pais e, portanto, rejeita a proposta. Então Acab fica aborrecido e, “como fazem as crianças quando não obtêm o que querem, chora”.
A sua esposa cruel, Jezabel, aconselha o rei a acusar Nabot de falsidade, a matá-lo e assim tomar posse de sua vinha. Nabot – notou o Papa – é, portanto, um “mártir da fidelidade à herança” que tinha recebido de seus pais: uma herança que ia além da vinha, “uma herança do coração”.
[blockquote align=”none” author=”Papa Francisco”]E comunicar escândalos é um fato que tem uma enorme sedução, uma grande sedução. Seduz-se com os escândalos. As boas notícias não são sedutoras: “Sim, mas que belo o que fez!” E passa… Mas um escândalo: “Mas você viu! Viu isso! Você viu o que aquele lá fez? Esta situação… Mas não pode, não se pode ir avante assim!” E assim a comunicação cresce, e aquela pessoa, aquela instituição, aquele país acaba na ruína. No final, não se julgam as pessoas. Julgam-se as ruínas das pessoas ou das instituições, porque não se podem defender.[/blockquote]
Na avaliação do Papa, a história de Nabot se assemelha à história de Jesus e de todos os mártires que foram condenados usando um cenário de calúnias também ao modo de proceder de “tantos chefes de Estado ou de governo”. Começa-se com uma mentira e, “depois de destruir seja uma pessoa, seja uma situação com aquela calúnia”, se julga e se condena.
“Há uma lei da mídia, da comunicação, se cancela aquela lei; se concede todo o aparato da comunicação a uma empresa, a uma sociedade que faz calúnia, diz falsidades, enfraquece a vida democrática. Depois vêm os juízes a julgar essas instituições enfraquecidas, essas pessoas destruídas, condenam e assim vai avante uma ditadura. As ditaduras, todas, começaram assim, adulterando a comunicação, para colocá-la nas mãos de uma pessoa sem escrúpulo, de um governo sem escrúpulo”, disse o líder da igreja Católica.
[blockquote align=”none” author=”Papa Francisco”]Muitas pessoas, muitos países destruídos por ditaduras malvadas e caluniosas. Pensemos por exemplo nas ditaduras do século passado. Pensemos na perseguição aos judeus, por exemplo. Uma comunicação caluniosa, contra os judeus; e acabavam em Auschwitz porque não mereciam viver. Oh… é um horror, mas um horror que acontece hoje: nas pequenas sociedades, nas pessoas e em muitos países. O primeiro passo é se apropriar da comunicação, e depois da destruição, o juízo e a morte.[/blockquote]
Com informações do Vatican News