A afirmação de Jair Bolsonaro de que vai extinguir ou privatizar a TV Brasil faz parte da agenda entreguista dele do patrimônio nacional, segundo senadores do PT. Agora, a emissora pública se une a uma lista de estatais que podem ser praticamente doadas à iniciativa privada.
No dia 7 de outubro, no Facebook, Bolsonaro afirmou que pretende privatizar ou extinguir, no mínimo, 50 das mais de 140 estatais existentes no país. Para isso, ele precisa do aval do conselho de administração das companhias e do Congresso.
Líder da Oposição no Senado, Humberto Costa classificou a ameaça à EBC como uma “vergonhosa estratégia de Bolsonaro de dilapidar e privatizar o patrimônio nacional”.
“É coerente com a falta de compromisso com a verdade que norteou toda a sua campanha. Quem vendeu uma eleição presidencial em cima de fake news, jamais daria valor uma empresa pública empenhado em produzir informação com qualidade”, afirmou Humberto.
Apesar de ser independente, a empresa pública também é um canal de divulgação das ações governamentais. A justificativa para colocar a TV Brasil na lista privatista é a de que prefere investir os recursos na grande imprensa. “Nós preferimos confiar na mídia tradicional quando o governo quiser fazer os seus anúncios”, disse, nesta semana, em entrevista à TV Record.
Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), a mira na emissora pública é a gota d’água na gana privatista do militar. “Um governo que veio para privatizar tudo e quer tender aos interesses autoritários da visão do Estado e interesses internacionais ao invés dos nacionais”.
Reunião com futuro ministro
Na terça-feira (30), representantes da EBC se reuniram com o general Augusto Heleno, segundo o colunista Lauro Jardim, d’O Globo. Ele recebeu relatórios sobre orçamento, estrutura e números de audiência. O futuro ministro da Defesa reconheceu que a situação da empresa precisa ser melhor discutida.
O Sistema EBC de Rádio é um dos exemplos bem-sucedidos da empresa. Composto por oito emissoras que cobrem todo o território nacional, em 2016, a audiência média foi de 9 mil ouvintes por minuto das rádios somadas (exceto a Nacional da Amazônia e Alto Solimões).
Também na terça, funcionários da empresa fizeram atos em todo país em defesa da comunicação pública e dos seus direitos trabalhistas. As atividades ocorreram em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e no Maranhão.
Comunicação para todos
A TV Brasil faz parte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), criada em 2007 pelo governo Lula para ser uma emissora de comunicação pública – definição extinta durante a gestão Michel Temer. O emedebista, aliás, também promoveu uma série de outros retrocessos na estatal.
Atualmente, a EBC, que mantém TV, rádio e agência de notícias em texto, e cujo conteúdo pode ser reproduzido gratuitamente por pequenos veículos de comunicação em todo o Brasil, realiza reportagens sobre regiões e personagens do País, protestos e manifestações públicas, debates, seminários e outros acontecimentos ligados à sociedade civil.
A EBC está entre as dez emissoras de maior audiência do país e possui hoje, em seu quadro funcional, mais de 2.300 empregados.
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