Humberto: Eduardo Cunha mandou avisar que não vai perdoar as traições sofridas e o Palácio do Planalto de Temer parece estar extremamente nervoso com isso. Foto: Jefferson Rudy/Agência SenadoO senador Humberto Costa (PT-PE) disse, nesta quarta-feira (15), em plenário, que o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados mostrou, ontem, que pode justificar minimamente o próprio nome e a razão de existência do colegiado após a aprovação do relatório que pede a cassação do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha.
“Foi um indicativo muito importante de que o reinado daquele facínora está chegando ao fim”, disse Humberto, que também destacou as “longas e vergonhosas manobras” que consumiram 250 dias do processo, o mais longo da história do Legislativo.
Humberto lembrou que, em 2015, o Conselho de Ética deveria se manifestar acerca da aceitação ou não do processo de cassação de mandato contra Eduardo Cunha. E o PT, que tem três assentos naquele foro, seria fundamental na decisão.
“E o que fez Eduardo Cunha? Usou os pedidos de impeachment contra a presidenta Dilma que tinha em mão para nos chantagear: ou o PT enterrava a sua cassação ou ele daria sequência ao processo de impedimento da presidenta da República”, lembrou.
O senador enfatizou que o PT se recusou a fazer acordo com o “delinquente”. “Votamos pela sequência do seu pedido de cassação e, no mesmo dia, sem qualquer pudor, Eduardo Cunhou convocou uma coletiva de imprensa para anunciar, de maneira irada, que estava acolhendo a solicitação de impeachment formulada contra Dilma”, disse Humberto, emendando que a bancada do PT sempre denunciou a vingança de Cunha ao abrir o processo de impedimento da presidenta Dilma.
Cumprido o trabalho sujo, disse Humberto, o deputado Eduardo Cunha foi abandonado pelos antigos amigos, descartado como um “traste velho”. “É esse o fim que se avizinha para o homem que julgou ser o dono do Brasil, o poderoso presidente da Câmara dos Deputados, que foi aplaudido e cortejado por muitos, que mandava e desmandava no País”, disse.
De acordo com o senador, o presidente golpista Michel Temer, que usou e abusou de Eduardo Cunha e agora o abandona à própria sorte, traindo o colega que tanto fez para que ele chegasse à cadeira onde hoje senta-se indevidamente, pode sofrer os reflexos dessa ação.
“Eduardo Cunha mandou avisar que não vai perdoar as traições sofridas e o Palácio do Planalto de Temer parece estar extremamente nervoso com isso. Não sei por que Temer está com tanto medo. O que será que Cunha tem de tão sigiloso e sensível para exercer todo esse poder destrutivo sobre Temer e sua diminuta e interina gestão? ”, questionou.
Para Humberto, seja lá de onde vierem essas respostas, elas serão suficientemente consistentes para dar um novo rumo ao País. “Quero crer que isso ocorrerá muito em breve, ainda a tempo de restaurarmos a ordem democrática”, concluiu.
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