Além de deixar um rastro de destruição na área ambiental, o governo Bolsonaro ainda chancelou atividades criminosas no país. O tema foi destacado nesta quarta-feira (22) pelo líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (PT-ES), durante audiência sobre o Dia Mundial da Água.
“A par deste processo de destruição, o governo Bolsonaro passou a patrocinar favoravelmente interesses ligados a grupos criminosos, que se aproveitavam da elipse do Estado e do apoio aberto do mandatário da República para aterrorizar a sociedade com as suas atividades ilícitas”, afirmou o senador.
Ele citou casos como garimpeiros e madeireiros ilegais, grileiros e invasores de terras indígenas, de reservas naturais e de florestas públicas, além daqueles que expandiam as suas áreas por meio do desmatamento ilegal. “A atividade ilícita e criminosa passou, então, a receber a chancela do poder público”, afirmou Contarato.
O parlamentar destacou que o Brasil, “invejado” em todo o mundo pela riqueza de seus recursos hídricos, sofreu intensamente com os resultados de uma “política de terra arrasada”.
“O garimpo ilegal deixou um rastro de devastação, produzindo impactos ambientais gravíssimos, com o desmatamento descontrolado, a contaminação dos rios e das populações urbanas, indígenas e ribeirinhas”, criticou Contarato.
Combate ao negacionismo
O líder do PT afirmou ainda que o governo Lula foi eleito com uma plataforma política de combate a essa sanha destruidora e negacionista.
“Depois de tanto tempo convivendo com um regime de opressão, um regime que fazia ouvidos moucos à dor do brasileiro comum, um regime que não concedia nem observava o mais elementar direito de liberdade de expressão, este é o momento de a sociedade brasileira recuperar a sua voz, a voz dos oprimidos”, disse o senador petista.
Educação ambiental
Durante a audiência no Senado – promovida pela Comissão de Meio Ambiente, Contarato elencou os principais fatores para a mitigação de crimes (inclusive os ambientais): fiscalização, educação e uma legislação mais eficiente.
“O poder público falhar na fiscalização, na educação e o parlamento na legislação são combustíveis para que a gente infelizmente tenha esse ataque em qualquer área”, disse. “Nada disso se sustenta se não tivermos uma educação ambiental. Se o Estado educa e se nós tivéssemos efetivamente cumprimento da legislação em todas as áreas, teríamos um Brasil muito melhor”, acrescentou.
Para o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), é preciso garantir tanto a preservação ambiental quanto o desenvolvimento. Mas com bom senso.
“Não há dicotomia entre preservação e desenvolvimento. Tudo temos que saber como fazer. É preciso saber que caminho trilhar e é possível. Com tecnologia, com bom senso. Com ideia de longevidade e não de imediatismo”, explicou Wagner.
“São vários os sofrimentos da produção na área agrícola pela seca. Muito sofrimento pelas inundações. Há nitidamente um descontrole no sistema climático mundial. Às vezes é preciso falar mil vezes para que as pessoas despertem para o drama que estamos vivendo no ponto de vista ambiental”, finalizou.
Cisternas
Uma das maiores revoluções no país foi a garantia do acesso à água. O tema foi tratado na audiência pelo integrante da Articulação no Semiárido Brasileiro, André Azevedo Rocha. De acordo com ele, a implantação de cisternas, por exemplo, mudou a vida de milhões de pessoas.
“Temos visto uma evolução no abastecimento de água [do país]. Foram 1,2 milhão cisternas somente no semiárido que mudaram a vida [da população]: reduziu a sede, a fome, a ocorrência de saques, de migrações e de mortalidade infantil”, afirmou.
A mudança no cenário teve um fator preponderante das gestões do PT. Em 2002, antes do primeiro governo Lula, menos da metade da fatia dos 5% brasileiros mais pobres tinham garantia de acesso à água de qualidade (49,6%). Em 2015, o acesso saltou para 76%. Uma série de políticas públicas transformadoras, como a distribuição de cisternas, contribuíram para garantir que brasileiros pudessem alcançar um direito humano tão fundamental.