CPMI do Golpe

Contarato detona Silvinei Vasques e desmente ex-PRF

Em reunião da CPMI do Golpe, líder do PT no Senado expõe ilegalidades de ex-diretor bolsonarista da Polícia Rodoviária Federal

senador Fabiano Contarato

Contarato detona Silvinei Vasques e desmente ex-PRF

Senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirma que ex-diretor da PRF Silvinei Vasques violou princípios da moralidade e da legalidade. Foto: Alessandro Dantas

O líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), afirmou que o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques violou uma série de princípios legais durante sua gestão à frente do órgão. A afirmação foi feita durante o depoimento do bolsonarista, nesta terça-feira (20/6), na CPMI do Golpe, que analisa todo o processo que culminou nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.

Uma das críticas do parlamentar foi em relação aos R$ 3,5 milhões destinados à PRF apenas para o pagamento de diárias no segundo turno das eleições de 2022.

“Exercendo uma função de diretor-geral da PRF, como o senhor justifica, na Ordem de Serviço 163, que destinou mais de R$ 3,5 milhões para o pagamento de diárias, operação relacionada aos crimes eleitorais? Isso foge à razoabilidade. Isso não foi o comportamento adequado de um diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal. O senhor tem que cumprir os princípios que regem a administração pública, e esses princípios estão lá no art. 37: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência”, disse Contarato.

O senador ainda desmentiu a afirmação de Silvinei de que o maior número de apreensão de armas ocorre na Região Nordeste.

“Não é isso, não. E eu vou falar onde é que está escrito isso: no Anuário de Segurança Pública. Na publicação, mostra-se que só em Minas Gerais foram apreendidas oito vezes mais armas do que no estado da Bahia, por exemplo. Foram mais de 26 mil armas (em MG). Então é uma informação totalmente contrária. Digo, até mais: a apreensão de arma foi maior em dois estados bolsonaristas no sul do país. Como justificar isso?”, questionou.

Pedido de voto

Fabiano Contarato ainda rebateu a afirmação de Vasques de que não teria feito nada de errado ao pedir voto em Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, enquanto ainda chefe da corporação – uma instituição de Estado.

Vasques alegou ter feito uma postagem nas redes sociais pedindo voto em Bolsonaro, no dia 29 de outubro, durante momento de folga. No entanto, na época, ele exercia o cargo de direção na PRF.

“Um diretor da instituição não age com o seu CPF, mesmo no sábado, mesmo no domingo ou feriado – porque, assim como o senhor é policial, eu também sou. Temos por obrigação legal, sob pena de incorrer no crime de prevaricação, (de agir) inclusive nos momentos de folga”, argumenta Contarato.

O parlamentar destacou que Silvinei atentou contra os princípios da administração pública ao compartilhar o pedido de voto em Bolsonaro durante as eleições de 2022. Para o líder do PT, o então diretor cometeu ato de improbidade administrativa, que é ação ou omissão que viola os deveres da honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.

“O senhor ocupava um cargo de diretor de uma instituição de Estado. A instituição é de Estado, não é do governo de plantão. O senhor violou, sim, o princípio da moralidade. O senhor violou, sim, o princípio da legalidade”, reforçou.

Silvinei chegou a apagar a postagem tempos depois. Ao responder o senador Fabiano Contarato sobre o tema, disse que o fez por “questão da mídia” (imprensa), que o pressionava a respeito.

Vergonha

Para Fabiano Contarato, os policiais rodoviários federais têm “vergonha” de ter tido Silvinei Vasques à frente da instituição porque ele “não soube se portar como diretor”.

“O senhor não entendeu que a instituição é de Estado, e não de governo”, alegou o líder do PT no Senado.

Contarato disse ainda que, apesar de Silvinei ter ido à CPMI na condição de testemunha, o colegiado vai aprovar que ele é um dos responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro, seja como autor, coautor ou partícipe.

Rodovias

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), durante sua intervenção na reunião da CPMI nesta terça-feira, afirmou que a PRF reproduziu a crueldade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele citou o caso do assassinato de Genivaldo dos Santos, morto asfixiado em uma viatura da PRF durante abordagem em 2022 no município de Umbaúba (SE).

“Talvez esse seja o modus operandi a que a PRF foi submetida pela sua direção. Porque, no dia da eleição, eu, como candidato [Rogério concorreu ao cargo de governador do estado de Sergipe], tive que pedir ajuda edo Ministério Público Eleitoral para desobstruir as rodovias, porque os eleitores não conseguiam chegar aos seus locais de votação”, criticou.

“Não conseguiam. E não foi num ponto só, não. Foram em vários pontos das BRs, que não são muitas no nosso estado: apenas duas. Em vários pontos tinham blitz para obstruir a entrada nos principais colégios eleitorais”, complementou.

O parlamentar ainda acrescentou que é preciso separar os defensores da democracia e da barbárie no Brasil.

“Nós precisamos saber de que lado nós estamos. Se somos fascistas ou se somos democratas. E vamos separar na sociedade brasileira: fascistas de um lado, democratas de outro, para ficar claro para a sociedade. Fascista é aquele que discrimina, aquele que persegue, que mata, que não aguenta a diferença”, coloca.

Silvinei Vasques foi a primeira testemunha ouvida pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os ataques democráticos contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

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