8 de janeiro

Contarato vê CPMI “sem foco” e cobra respeito ao plano de trabalho da relatora

Líder do PT no Senado acredita que é preciso tratar de um assunto de cada vez no colegiado, algo que, segundo ele, não está acontecendo

senador Fabiano Contarato

Contarato vê CPMI “sem foco” e cobra respeito ao plano de trabalho da relatora

Foto: Alessandro Dantas

Os dados apresentados pelo ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Silvinei Vasques à CPMI do Golpe, na última terça-feira (20/6), foram contestados até pela corporação. Além disso, diversos parlamentares acusaram o bolsonarista de mentir no depoimento. Para o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), o colegiado precisa de mais foco para evitar esse tipo de situação. Para isso, é necessário seguir o plano de trabalho apresentado pela relatora, Eliziane Gama (PSD-MA).

Em entrevista ao portal UOL nesta segunda-feira (26), Fabiano Contarato disse que não é possível ouvir os depoentes no colegiado sem ter, primeiramente, acesso aos documentos sobre o caso e analisá-los, com o objetivo de evitar ter que convocar novamente testemunhas e investigados.

Somente após concluir o caso, segundo Contarato, deveria se passar para o próximo ponto das investigações – como foi o depoimento, já dois dias depois, de George Washington de Oliveira Sousa, um dos autores da tentativa de atentado a bomba no Aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022.

“A CPMI tem que ter foco. Vamos analisar a possível atuação da PRF sob a direção do Silvinei Vasques no Nordeste? Exaure a coleta de provas ali. Pega documentos, depoimentos. Fechou o fato? Aí sim. Agora, vamos focar no episódio da bomba. Concentra em um fato, coleta as provas de natureza objetiva e subjetiva, e conclui aquele ponto”, disse.

“O plano de trabalho foca numa cronologia dos fatos e tem que fechar a apuração dos fatos ali para fazer, ao final, uma conexão entre eles para atribuir responsabilidade. Quero fazer essa crítica lá na CPMI. Não tem como. Foi aprovado plano de trabalho e ele tem que ser cumprido.”

Vasques, entre outros, foi questionado na CPMI sobre as abordagens realizadas no segundo turno das eleições do ano passado em áreas de concentração de grande número de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva na região Nordeste. Atualmente aposentado, o bolsonarista é alvo de inquérito da Polícia Federal e de procedimento interno da PRF para apurar esses bloqueios.

Durante o depoimento, por exemplo, Vasques disse que a PRF recolheu apenas cinco ônibus na região Nordeste no dia 30 de outubro de 2022. No entanto, a corporação informou dias depois ao jornal O Globo que foram apreendidos, na verdade, nove ônibus – enquanto no Sudeste, que reúne os maiores colégios eleitorais do país, houve apenas uma retenção.

Ainda de acordo com a corporação, naquele dia, 13 veículos com passageiros foram retidos – 70% no Nordeste. Aliás, as afirmações do ex-PRF de que a corporação não concentrou suas ações nos estados nordestinos foram desmentidos com dados e vídeos pelos senadores petistas Humberto Costa (PE) e Rogério Carvalho (SE). Essas contradições podem levar a uma nova convocação de Vasques à CPMI.

Marco temporal

Ainda na entrevista ao UOL, Fabiano Contarato disse acreditar que não deve passar no Senado a proposta sobre o marco temporal – tese jurídica que defende que os indígenas só têm direito a uma terra se já estavam ocupando-a no momento da promulgação da Constituição, em 1988.

“Acredito que não passa. Eu acredito que a proposta precisa ser muito bem pensada, porque o que foi feito na Câmara acho inadmissível. Espero que no Senado não tenha um clima propício para que seja aprovado esse marco temporal da forma que foi aprovado na Câmara”, disse.

O líder do PT acredita que o Senado vem tendo uma postura altiva e serena nos últimos anos, atuando com responsabilidade diante dos problemas do país.

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