Senadores da CPI do Carf votaram por unanimidade contra requerimentos de tucano que tinham objetivo de constranger o ex-presidente LulaMenos de um mês após ser derrotado na tentativa de convocar pessoas ligadas a Luiz Inácio Lula da Silva – inclusive o filho do ex-presidente, Luís Cláudio –, o senador tucano Ataídes Oliveira (TO) novamente não conseguiu desvirtuar os trabalhos da CPI do Senado que apura denúncias de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). E, mais uma vez, a derrota foi por unanimidade: nesta quinta-feira (5), os integrantes do colegiado rejeitaram requerimentos de cunho unicamente político.
Além de Luís Cláudio, o senador oposicionista – que é presidente da CPI – tentou convocar os ex-ministros Erenice Guerra (Casa Civil) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). Só para convocar Erenice, esta já era a terceira tentativa. Relatora da comissão, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) fez críticas duras ao parlamentar tucano. “O objetivo [de Ataídes] não é aprovar os requerimentos. O objetivo é dar pauta política para a imprensa brasileira”, afirmou.
A impressão de que a reunião da CPI desta quinta tinha apenas o objetivo de constranger Lula era clara para os senadores. Tanto que os parlamentares petistas Humberto Costa (PE), José Pimentel (CE) e Donizeti Nogueira (TO) tiveram que fazer reiterados pedidos para que fosse iniciada a votação dos requerimentos.
Os senadores da base acreditam que Ataídes tem insistido nas convocações apenas para atingir o governo. Isso porque os requerimentos tentam chamar pessoas que não estão diretamente ligadas ao foco da CPI, que é de investigar o esquema de pagamentos de suborno a integrantes do Carf – uma espécie de “tribunal” onde os contribuintes podem contestar multas aplicadas pela Receita Federal.
Na semana passada, a Operação Zelotes, da Polícia Federal, fez buscas e apreensões na empresa de Luís Cláudio, LFT Marketing Esportivo. Apesar do trabalho da CPI ter como base a Zelotes, a ação não estava ligada com as apurações do Carf, mas com suspeitas do envolvimento de ex-ministros em um esquema de compra de MPs para favorecer o setor automotivo. “Essa intimação do filho do ex-presidente Lula, às 23h, na residência dele, no dia do aniversário do ex-presidente, foi uma coisa deliberada para macular a imagem do presidente Lula”, acredita o senador Otto Alencar (PSD-BA).
Além disso, para a senadora Vanessa, as denúncias contra os ex-ministros e o filho de Lula não têm solidez. “Um e-mail de um cidadão, vice-presidente de uma entidade que representa todo o setor automobilístico, pedindo uma audiência [com Gilberto Carvalho], isso é motivo suficiente para criminalizar alguém? Com o senhor Luís Cláudio, a mesma coisa, proprietário de uma empresa que recebeu por um serviço prestado a um escritório”, argumentou a parlamentar.
Outros requerimentos rejeitados pelos senadores incluíram as quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico de Luís Cláudio e da empresa LFT Marketing Esportivo.
Também nesta quinta, a CPI teve duas oitivas. Na primeira, Eduardo Gonçalves Valadão, um dos sócios da J.R. Silva Advogados & Associados, que prestava serviços de consultoria a empresas envolvidas no esquema do Carf, usou da prerrogativa constitucional de permanecer calado. A segunda oitiva foi com Halysson Carvalho Silva, ex-diretor financeiro da Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC), suspeito de extorquir US$ 1,5 milhão do empresário Eduardo Sousa Ramos.
Carlos Mota
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