Alessandro Dantas

Senador aponta diferenças entre a última e a próxima cidade a receber o evento das Nações Unidas
Ignorando as articulações de setores contrários a Belém como sede da COP 30, o presidente Lula mantém a integralidade do evento na nossa capital. O engajamento do governador do estado, do prefeito de Belém e da própria população reforçam o posicionamento do presidente. Muito se comenta sobre as vulnerabilidades urbanas de Belém, o que é verdade, mas que no Brasil, não é uma especificidade de Belém. Algumas dessas deficiências estão sendo sanadas mediante os investimentos realizados pelo governo Lula, que já somam 5 bilhões de Reais.
Claro que Belém não será transformada numa Dubai, cidade que sediou a COP 28. Continuará uma cidade atraente, exuberante, mas sem os serviços e infraestrutura urbana de excelência, próprios de uma grande metrópole de país rico. Porém, graças à sua população, e aos esforços gigantescos dos poderes públicos, creio que Belém estará apta a receber com dignidade, calor humano e com expectativas positivas, os personagens que decidirão sobre os esforços multilaterais contra o colapso do clima.
Insistimos para que não confundam Belém com Dubai, no recorte posto da ‘riqueza’; que saibam que encontrarão uma cidade com todas as contradições das grandes cidades da Amazônia, região economicamente pobre do Brasil. Mas, em contrapartida, devemos nos empenhar para também não apresentarmos Belém com os preços de Dubai.
Tem sido preocupante a elevada especulação que vimos assistindo, por alguns setores, principalmente em torno das nossas deficiências nos serviços de hospedagem. Notícias veiculadas no exterior e por jornais de grande expressão nacional dão conta de demonstrações absurdas de ganância, que são verdadeiros “tiros no pé” para os interesses do crescimento do turismo no nosso estado. Consta que há hotéis, sem classificação de estrela, que estão oferecendo diária para o período da COP acima de 10 mil Reais, para uma diária normal de R$ 180,00. Apartamentos alugados atualmente por 3 mil Reais/mês, são ofertados por 40 mil Reais, por alguns dias. Por conta de absurdos dessa natureza, muitos grupos de pessoas de várias partes do mundo que tentavam garantir a viagem a Belém desistiram do projeto. É difícil pretender a ação do poder público para coibir ou restringir esses fatos especulativos lamentáveis que conspiram contra o futuro do turismo no Pará.
Mas os poderes públicos podem e devem agir para que Belém apresente regularidade do abastecimento e estabilidade dos preços dos alimentos, em especial, daqueles da culinária regional e dos alimentos da dieta tradicional. Isto, não apenas para bem recepcionar a população visitante na época da COP, mas, principalmente, para resgatar maior conforto econômico para a nossa população, em especial, das camadas inferiores de renda.
A imprensa tem noticiado o empenho do governo Lula para enfrentar esse fenômeno da inflação da comida que os brasileiros vêm enfrentando. Aqui mesmo neste espaço já abordamos esse tema para o caso específico da região metropolitana de Belém. Mas é preocupante a resiliência da alta desses preços na nossa capital. No acumulado dos 12 meses, até fevereiro/2025, a inflação da comida em Belém foi de 8.54%; portanto, bem acima do IPCA Geral de 5.1%. Vale destacar o açaí, produto objeto do desejo de grande parte das pessoas que virão à COP. Há muito temos discutido, mas ainda não houve ação pública para reverter a tendência que gradativamente transforma o açaí em alimento de consumo das classes abastadas. Somente nos meses de janeiro e fevereiro a inflação do açaí em Belém foi de 22.2%; taxa mais de 4 vezes acima do IPCA geral. Ovo e café tiveram aumento nos preços de 23.9% e 21.8% nesses dois meses. Precisamos agir; nossa renda não é a de Dubai!