Cotas democratizam ensino superior, sem queda na qualidade, afirma Fátima

Cotas democratizam ensino superior, sem queda na qualidade, afirma Fátima

Fátima: “As pesquisas nos mostram exatamente o contrário, que o desempenho dos cotistas tem sido muito bom”O Brasil fechou o ano de 2015 registrando o ingresso de mais 150 mil estudantes negros nas universidades federais do País, desse 2102, quando foi instituída a Lei de Cotas. Para a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), as cotas desempenham um papel importante na promoção da inclusão social na área da educação. “Está mais que comprovado que é uma ação afirmativa que se faz necessária”.

Ao democratizar o acesso às universidades, a lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff estipula uma reserva de, no mínimo, 50% aos egressos de escolas públicas. Dentre esses, os candidatos pretos, pardos e indígenas preenchem uma porcentagem equivalente à proporção desses grupos dentro em cada estado.

O desempenho dos estudantes cotistas, nesses três anos de aplicação da lei, é um sólido argumento contra as críticas que o sistema de cotas recebe de setores mais conservadores da sociedade. Segundo essas críticas, a entrada de alunos por cotas prejudicaria a qualidade dos cursos e rendimento acadêmico. “Essa é uma afirmação totalmente descolada dos dados reais”, rebate Fátima Bezerrra. “As pesquisas nos mostram exatamente o contrário, que o desempenho dos cotistas tem sido muito bom. Não sei de onde eles tiram essas avaliações”, condena.

Segundo a senadora, há especialistas, inclusive, que apontam como justificativa para esse desempenho, em alguns casos, acima da média, a questão da motivação. “O aluno que tem essa oportunidade, muitas vezes única na vida, costuma se dedicar com muito empenho, mais afinco”, afirma a petista.

Resultados comprovados
AUniversidade de Brasília (UnB), pioneira na adoção das cotas raciais, em 2003, tem um estudo realizado em 2013 comprovando que em 10 anos de adoção do sistema o rendimento dos estudantes oriundos de cotas já era igual ou superior ao registrado pelos alunos do sistema universal. Por exemplo, em 2009 a média do índice de rendimento acadêmico (IRA) dos cotistas foi de 3,1, enquanto a dos não cotistas foi de 2,9.

O mesmo aconteceu na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), primeira instituição pública a ter um sistema de reserva de vagas para alunos de escola pública e também para negros e indígenas a partir de 2002. A iniciativa garantiu o acesso, em 12 anos, de quase 20 mil pessoas ao ensino superior.

 

Sobre a preocupação se as cotas reduziriam o nível acadêmico, o Laboratório de Políticas Públicas da Uerj informou, em entrevista ao portal “Agência Brasil”, de agosto de 2015, que, “nas universidades onde as cotas foram implementadas, não houve perda da qualidade do ensino”. Além disso, também na Uerj, a evasão registrada entre os alunos cotistas foi menor que entre não cotistas.

Os alunos que ingressaram na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pelas cotas também não demonstraram dificuldade no desempenho acadêmico, segundo levantamento da Pró-reitoria de Graduação (Prograd). De acordo com a entidade, e dados divulgados em maio de 2015, mais da metade dos estudantes de escolas públicas apresentaram rendimento acima do registrado por alunos de escolas particulares.

A evasão na universidade também é menor, e a motivação é maior, entre os oriundos do sistema público. Segundo a UFMG, em 2014, dos 3.720 alunos que abandonaram os cursos, 2.758 tinham estudado em escolas privadas. No ano anterior, quando a UFMG aderiu à Lei de Cotas, a média do Desempenho Acadêmico, que varia de 0 a 5, chegou a 3,49 entre os cotistas, e 3,07 entre os não cotistas.

Com informações da Agência PT de Notícias

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