Tragédia em Maceió

CPI da Braskem deve servir para impedir novas tragédias provocadas pela ganância, afirma Rogério Carvalho

Comissão aprovou o plano de trabalho apresentado pelo senador. Rogério também criticou acordos feitos pela mineradora com moradores de bairros afetados

Alessandro Dantas

CPI da Braskem deve servir para impedir novas tragédias provocadas pela ganância, afirma Rogério Carvalho

Rogério Carvalho durante a leitura do plano de trabalho da CPI da Braskem

A CPI da Braskem aprovou nesta terça-feira (27/2) o plano de trabalho apresentado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE). O petista é o relator do colegiado, que irá investigar os fatos e apurar as responsabilidades e omissões que levaram à tragédia ocorrida na capital alagoana em decorrência da exploração do sal-gema por parte da empresa Braskem.  

Além das diretrizes da investigação, Carvalho também protocolou requerimentos que pedem o envio de documentos e imagens para dar início às investigações. 

A CPI também requer informações da Agência Nacional de Mineração, do Ministério Público Federal, do governo de Alagoas, da prefeitura de Maceió e outros órgãos. O plano de trabalho prevê ainda a ida dos senadores integrantes da comissão até a capital alagoana para inspecionar os impactos da mineração na cidade. 

Durante a apresentação do plano de trabalho, o senador Rogério Carvalho ainda criticou o acordo assinado pela empresa com a prefeitura de Maceió. Para ele, existem cláusulas questionáveis, padronizadas e abusivas nos acordos de indenização. 

“Esses acordos permitiram até processos contra as vítimas. A assinatura do documento era condição imposta pela Braskem para que ela indenizasse os moradores. Firmados os acordos, hoje a Braskem é dona de quase todas as casas de suas vítimas, o que me parece algo pouco usual. Me parece que virou uma operação imobiliária gigantesca”, alertou o relator. 

A CPI da Braskem foi instalada em dezembro do ano passado para investigar os danos ambientais causados em Maceió pela empresa petroquímica. Segundo o plano de trabalho apresentado, a investigação será realizada em três etapas: 

  • Análise do histórico da atividade mineroindustrial envolvendo a pesquisa e lavra de sal-gema na região sob investigação; 
  • Investigação das causas, dimensionamento dos passivos, responsabilização da empresa e reparação justa aos atingidos; 
  • Análise das lacunas e falhas na atuação dos órgãos de fiscalização e controle e Proposição de melhorias no arcabouço legal e regulatório. 

Segundo o documento, os 11 senadores titulares e sete suplentes terão até 22 de maio para investigar as causas do colapso do solo na capital alagoana, dimensionar os passivos do desastre com responsabilização e reparação justa e identificar as falhas na atuação dos órgãos de fiscalização e controle e proposição de melhorias no arcabouço legal e regulatório. 

“Não estamos falando aqui de calamidades naturais. Estamos falando de tragédias que podem e devem ser evitadas. Embora se saiba quem e o que causou o desastre, existem incertezas sobre o tamanho e dimensão do passivo ambiental e eventuais negligências da mineradora e dos órgãos ambientais”, destacou. 

Além da investigação, o senador ainda destacou o fato de a CPI servir para o aprimoramento do arcabouço jurídico relativo à exploração mineral no país e propor normas legais que impeçam a repetição deste ciclo. Rogério lembrou de outros dois desastres recentes de grandes proporções, que afetaram a população de Brumadinho e Mariana, no estado de Minas Gerais.  

“Não estamos falando de desastres naturais, mas de tragédias provocadas pela ganância humana que podem e devem ser evitadas”, disse. 

A CPI volta a se reunir nesta quarta-feira (28/2) para a análise dos requerimentos de convocação.  

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