O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), determinou nesta quarta-feira (7) a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, por falso testemunho durante seu depoimento.
Antes de determinar aos policiais que conduzissem Roberto, Omar Aziz e outros senadores pediram para Roberto e sua advogada reconsiderarem, sem sucesso, partes de seu depoimento.
“Não aceito que a CPI vire chacota. Nós temos 527 mil mortos. E os caras brincando de negociar vacina. Por que ele não teve esse empenho para comprar a Pfizer, que era de responsabilidade dele naquela época? Por quê? Ele está preso por mentir, por perjúrio. E se eu tiver tendo abuso de autoridade que a advogada dele ou qualquer outro senador me processe. Mas ele vai estar detido agora pelo Brasil, porque nós estamos aqui pelo Brasil, pelos que morreram, pelas vítimas hoje sequeladas”, disse.
“Nós não estamos aqui para brincar, não, de servidor que pediu propina. E todo depoente que estiver aqui que achar que pode brincar vai ter o mesmo destino dele”, concluiu Omar Aziz.
É obrigação da CPI tomar providências necessárias, inclusive a prisão em flagrante em situações explícitas, para preservar as prerrogativas constitucionais de investigação.
Decisão de Aziz teve apoio do grupo majoritário da CPI
O grupo majoritário da CPI, que engloba parlamentares de oposição e independentes, apoiaram a decisão tomada pelo senador Omar Aziz. O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou que essa é uma atribuição do presidente do colegiado e cabe, a ele, determinar a prisão de um depoente pego em flagrante mentindo durante seu testemunho.
“É atribuição legal dele [Omar], pode fazê-lo. Ele já vinha dizendo que a paciência estava esgotando, porque o número de pessoas que aqui vieram e faltaram com a verdade é muito grande. E o presidente com essa decisão dá um freio de arrumação. Nós, independentemente de concordamos ou não com ele, somos solidários”, disse Humberto.
Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) enfatizou que a decisão do senador Omar Aziz servirá para disciplinar os trabalhos da CPI. Diversos senadores já haviam alertado para depoentes que haviam faltado com a verdade anteriormente e já poderiam ter tido a prisão decretada.
“Nós estamos aqui a 32 sessões da CPI e, em quase todas as oitivas, nós fomos submetidos a rajadas permanentes de mentiras. E, hoje, creio que esgotou a paciência. Ele passou o tempo todo fazendo diversionismo, mentindo para a CPI. Chegou a hora de a CPI tomar uma posição definitiva. Se não, a gente não vai conseguir garantir com que as pessoas que fazem juramento de falar a verdade à CPI, falem a verdade”, disse Rogério.
Roberto Dias foi convocado pela CPI para explicar acusações de que teria pedido propina de um dólar por dose de vacina em negociações envolvendo a vacina AstraZaneca. Outra denúncia envolvendo Roberto teria aponta que ele teria pressionado o servidor Luis Ricardo Miranda a agilizar, mesmo com problemas detectados, a aquisição da Covaxin.