Comissão de senadores começa a trabalhar, em respeito a decisão judicial, e com só um oposicionista
Relator, Pimentel espera que CPI da Petrobras cumpra |
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exclusiva do Senado para investigar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras foi instalada na manhã desta quarta-feira (14). O senador José Pimentel (PT-CE) será o relator e ainda hoje, às 15h30, apresentará proposta de plano de trabalho. “Apresentarei a minuta do plano de trabalho, para que os integrantes da CPI possam fazer inclusões, suprimir sugestões e aprovar. Vamos cumprir rigorosamente o prazo para os trabalhos de acordo com a determinação do Supremo Tribunal Federal”, disse Pimentel a jornalistas após a reunião.
A CPI do Senado segue o requerimento de criação 302/2014, apresentado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), com o objetivo de investigar a compra da refinaria. O parlamentar tucano também listou no pedido denúncias veiculadas da mídia de que funcionários da Petrobras teriam recebido propina da empresa holandesa SBM Offshore e, ainda, que plataformas teriam sido lançadas ao mar sem equipamentos de segurança.
A CPI exclusiva terá 13 senadores titulares e oito suplentes. O bloco liderado pelo PMDB, que tem a maior bancada, contará com quatro integrantes: João Alberto (PMDB-MA), Valdir Raupp (PMDB-RO), Vital do Rêgo (PMDB-PB), eleito por aclamação presidente da comissão, e o senador Ciro Nogueira (PP-PI). O Bloco de Apoio ao Governo indicou os senadores José Pimentel (PT-CE), que será o relator, já que o PT detém a segunda maior bancada no Senado; Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM); Humberto Costa (PT-PE) e Acir Gurgacz (PDT-RO). O Bloco União e Força indicou os senadores Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), que ocupará a vice-presidência da comissão e Gim Argello (PP-DF).
O bloco da minoria, formado pelo PSDB e pelo DEM não fez a indicação dos nomes para compor a comissão. Esses mesmos partidos, aliás, apresentaram o requerimento 302/2014 e que recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) exigindo a abertura da CPI. Mesmo o PSDB e o DEM conseguindo uma decisão favorável da ministra Rosa Weber, do Supremo, determinando os fatos a serem investigados, esses dois partidos mudaram o discurso e passaram a defender uma CPI mista, formada também por deputados, sob o argumento reducionista da competência do Senado em promover uma investigação rigorosa.
Na reunião de hoje, para instalação da CPI do Senado, apenas o senador Cyro Miranda (PSDB-GO) compareceu. Os senadores Wilder Morais (DEM-GO) e Lúcia Vânia (PSDB-GO) pediram para ficar de fora da CPI. Ambos fizeram isso ontem, logo depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros, ter cumprido o regimento da Casa e indicado seus nomes. Foi assim porque PSDB e DEM se omitiram. Na rede social, o senador Humberto Costa manifestou sobre a ausência do PSDB e do DEM que retrata a estratégia: “a oposição não apareceu. Boicota as investigações. Busca apenas um palanque para aparecer na mídia e atacar o governo”.
Assim que terminou os trabalhos desta manhã, a imprensa, em peso, quis entrevistar o único senador da oposição que esteve presente: Cyro Miranda (PSDB-GO). O discurso dele foi o seguinte: “estou aqui para observar o que o governo quer”. Mas uma repórter o questionou: “não é ruim para a oposição a estratégia de querer uma CPI no Senado e depois mudar de ideia?”. Cyro Miranda respondeu que a estratégia da oposição é uma CPI mista. “É o que nós estamos querendo”. Essa resposta está em linha ao que o líder do PT no Senado, Humberto Costa, tem dito: “quem quer uma CPI mista, ampla, não quer investigar nada, quer apenas um palco para promover um debate político-ideológico”.
Marcello Antunes