A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a União Nacional dos Estudantes (UNE) é mais um ataque dos golpistas aos movimentos sociais, afirma a vice-presidenta da entidade, Moara Correa.
“É um ataque aos movimentos sociais que estão respondendo de forma muita enfática aos retrocessos que estão tentando impor à classe trabalhadora desse País”, destaca.
A instalação da CPI estava marcada para a última terça-feira (21), mas foi adiada, sem data prevista.
Proposta pelo Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), da tropa de choque do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a CPI da UNE é mais um dos atos de Cunha contra a juventude.
“Cunha se tornou um grande inimigo da juventude, das mulheres, dos negros e negras. E a UNE fez diversas mobilizações e diversas lutas para barrar os retrocessos impostos por Eduardo Cunha”, lembra.
A vice-presidenta ressalta que a entidade participou ativamente da luta contra a redução da maioridade penal, assim como do combate às pautas contra os direitos das mulheres. E continua na luta em defesa da democracia.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que foi presidente da UNE na década de 90, afirma que a criminalização dos movimentos sociais faz parte da agenda do golpe para retirar os direitos dos trabalhadores.
“Houve um golpe no País e eles têm que passar por cima dos trabalhadores para tirar direitos, e isso só é possível indo pra cima das entidades. As coisas estão juntas. É um processo só”, destaca.
Na sua avaliação, os golpistas querem fazer o “maior retrocesso social da história do País”, com “retirada de direito dos trabalhadores, reforma da previdência, reforma trabalhista e essa PEC que limita os gastos, que é um ataque à saúde e educação brasileira”.
“Mas isso tudo só tem um jeito deles conseguirem fazer, que é criminalizando os movimentos sociais. E a CPI da UNE é mais um capítulo nessa criminalização dos movimentos sociais”, aponta.
Para Lindbergh, entre os movimentos sociais, não apenas a UNE está na mira dos golpistas. “Eles têm algumas figuras que são simbólicas nisso. Esse Alexandre de Moraes na Justiça, o general Etchegoyen. Então acho que MST, MTST e UNE estão no alvo desse pessoal”, completa.
A vice-presidenta da UNE concorda. Para ela, o ataque aos movimentos sociais começa com a CPI da UNE, “mas que também a gente vê apresentado em outros espaços, como no Judiciário com relação ao MST e aos presos políticos em Goiás”.
“Esse mesmo conjunto que não aceitou a derrota nas urnas e quis impor uma derrota dentro de um Congresso para a população brasileira, eles também vão querem impor uma perseguição a todos aqueles que reagiram a esse processo”, explica.
Por isso, MST, CUT e demais movimentos organizados “sem dúvida nenhuma estão na mira desse mesmo conjunto de setores que quis impor e desrespeitar os votos que o povo brasileiro deu à sua presidenta legitimamente eleita”.
A reação, segundo o senador, precisa vir das ruas. “A gente tem que fazer uma grande campanha democrática para garantir os direitos dos trabalhadores e para impedir que eles avancem em cima das entidades e dos movimentos sociais brasileiros”, ressalta.
E para quem acha que a CPI vai intimidar a entidade, Moara manda o recado: “A UNE segue mobilizada e mobilizando”.
“Continuamos em constante mobilização e continuamos dizendo que não reconhecemos esse governo golpista”, finaliza.
Agência PT de notícias
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