Estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado nessa quinta-feira (22), concluiu que o Brasil tinha chances de ser um exemplo no combate à pandemia do coronavírus, mas o histórico exemplar foi boicotado por escolhas de Bolsonaro.
A pesquisa destaca que o Brasil era classificado como o país da América Latina mais preparado para lidar com emergências de saúde pública, segundo o sistema Global Health Security Index.
Contudo, os pesquisadores afirmam que Bolsonaro usou todos os poderes constitucionais para fazer valer a sua agenda e atrapalhar o combate à pandemia, minimizando a doença e boicotando ações de estados. O estudo lembra a “campanha agressiva” realizada pelo presidente em apoio ao uso da cloroquina, remédio ineficaz para a Covid-19.
Para o senador Paulo Rocha (PA), líder do PT, é fundamental que a CPI da Covid possa analisar esses dados e, caso seja comprovado, responsabilizar Bolsonaro pelo agravamento da crise da Covid-19 no país.
“Não podemos voltar no tempo e rever a história, mas, se o presidente tivesse escolhido outros caminhos, o Brasil poderia ter apresentado um desempenho muito melhor. Poderíamos ser um exemplo”, afirmou Elize Massard, professora da FGV e uma das autoras do estudo.
Reações à crise das vacinas
A crise causada pela letargia do governo na compra de vacinas para imunização dos brasileiros contra a Covid-19 tem levado a membros antigos e atuais do governo a se manifestarem contra a atuação do Brasil em meio à pandemia.
O ex-comandante do Exército general Edson Leal Pujol reclamou da atuação do ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello. Para Pujol, quando Bolsonaro proibiu Eduardo Pazuello de comprar vacinas, ele deveria ter pedido demissão do cargo.
“O ex-comandante do Exército destaca as irregularidades criminais do governo contra a saúde pública. Não foi apenas negacionismo, mas um ato deliberado de Bolsonaro para estimular a contaminação em massa dos brasileiros pelo vírus. A CPI vai revelar esses crimes”, destacou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Já o ex-secretário de comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, afirmou que o Brasil não comprou antes vacinas da Pfizer por “incompetência” e “ineficiência”.
Em entrevista à revista Veja, o ex-titular da Secom revelou reuniões que teve sobre a aquisição de imunizantes da Pfizer durante o ano passado e fez críticas à condução do tema pelo Ministério da Saúde.
“O bolsonarista Fabio Wajngarten diz que o acordo do governo com a Pfizer por vacinas contra a Covid não foi firmado no ano passado por incompetência e ineficiência do Ministério da Saúde, comandado por Eduardo Pazuello”, enfatizou o senador Humberto Costa (PT-PE).