A CPI da Covid retoma a rotina de depoimentos nesta semana com dois depoentes que irritaram os membros da comissão ao não comparecerem em suas primeiras convocações. Os dois, Marconny Albernaz de Faria e Marcos Tolentino da Silva, são apontados pelos parlamentares como integrantes do escândalo para a compra da vacina indiana Covaxin, que seria intermediada pela Precisa Medicamentos num contrato de R$ 1,6 bilhão com vacina superfatura e inexistente.
Marcos Tolentino é acusado de ser sócio oculto da FIB Bank, empresa que se apresentou como fiadora no contrato da Precisa e que, apesar do nome, não é uma instituição financeira. Ele seria ligado ao deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara, apontado como articulador de negociações sob suspeita de irregularidades.
Já Marconny Albernaz de Faria, por sua vez, teria atuado como lobista para viabilizar o contrato da Precisa com o Ministério da Saúde. Além disso, a CPI quer entender a relação de Marconny com a família Bolsonaro. Documentos a que os senadores tiveram acesso mostram que o quarto filho do presidente, Renan Jair Bolsonaro, contou com a ajuda do lobista para abrir uma empresa.
Ambos enviaram atestados médicos do Hospital Sírio-Libanês à CPI para justificarem a ausência. Tolentino deporia no último dia 1º, mas alegou que se internara na véspera na sede paulistana do hospital, devido a um “mal-estar”. Faria enviou no mesmo dia um atestado do Sírio-Libanês de Brasília, com duração de 20 dias, devido a “dor pélvica”. Após ligação do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), para o hospital, o atestado de Marconny acabou anulado pelo médico. Mesmo assim, ele não compareceu para depor no dia seguinte, o que levou à CPI determinar o recolhimento de seu passaporte e a condução sob vara do depoente.
Assim, a CPI da Covid deve ouvir nesta terça-feira (14) Marcos Tolentino e, no dia seguinte (15), Marconny Albernaz. Já a expectativa é de que na quinta-feira (15) seja ouvido o diretor da Precisa Medicamentos, Danilo Trento.
Trento é investigado por ter enviado instruções, a um lobista, de como proceder para vencer uma licitação do Ministério da Saúde para aquisição de testes de Covid-19.
Expectativa para entrega do relatório
O jornal O Globo traz reportagem informando que a cúpula da CPI definiu que o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) deverá ser apresentado até o dia 23 e votado entre 28 e 29 de setembro.