Os principais veículos de comunicação do mundo repercutiram a leitura do relatório final dos trabalhos da CPI da Covid realizado nesta quarta-feira (20), com especial destaque para a lista de crimes cometidos pelo atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
Ao todo, o relatório pede o indiciamento de Bolsonaro pelo cometimento de 12 crimes. Somados, eles podem levar a 78 anos de prisão, além da possibilidade de impeachment pelo cometimento de crimes de responsabilidade.
O britânico The Guardian estampou em sua capa, no dia de ontem, a manchete “Relatório pede que Bolsonaro responda acusações por resposta à pandemia”.
Já o estadunidense Financial Times destacou o trecho do relatório que aponta o ilícito cometido por Bolsonaro que poderá ser julgado no Tribunal Penal Internacional, com o título: “Comissão do Senado brasileiro acusa Bolsonaro de crime contra a humanidade por negligência com Covid”.
Na mesma linha foi o The Washington Post, com a matéria “Comissão do Senado brasileiro acusa Bolsonaro de crime contra a humanidade por negligência com Covid”.
The New York Times também abriu espaço para os possíveis crimes contra a humanidade praticados por Bolsonaro em “Presidente do Brasil é acusado de crime contra a humanidade na resposta à pandemia”.
O francês Le Monde destacou a gestão “criminosa” de Bolsonaro e enfatizou que a CPI vai pedir a acusação do presidente pelos crimes intencionais durante a pandemia que matou mais de 600 mil pessoas no país.
A repercussão do relatório gerou manifestações da bancada do PT no Senado. Para o líder, senador Paulo Rocha (PA), as manchetes dão a dimensão da tragédia causada por Bolsonaro na gestão da pandemia no Brasil e a forma como chocou o mundo.
“Centenas de milhares no Brasil foram vítimas do peso da omissão. E os responsáveis pelo descaso pagarão por isso. Bolsonaro, líder maior do negacionismo, pagará caro por ter incentivado o povo a adotar as piores práticas possíveis durante a pandemia. Será lembrado na história da humanidade, mas pelos crimes cometidos”, disse.
O senador Paulo Paim (PT-RS) destacou o trabalho realizado pela comissão que constatou, ao longo dos meses, uma série de irregularidades praticadas pelo governo Bolsonaro. E agora, lembra, com a votação do relatório final, o povo brasileiro cobra que a justiça seja feita com o devido rigor da lei aos responsáveis por essa tragédia que assolou o país.
“A CPI constatou a omissão, a negligência e o descaso do governo federal no combate à Covid-19. Não houve sequer um plano condizente com as necessidades e o alto grau de gravidade da pandemia. Poderíamos ter evitado ou mesmo amenizado as mais de seiscentas mil mortes. Mas, infelizmente, isso não ocorreu. Há uma dor coletiva que está cravada na memória nacional e em nossos corações. O relatório da comissão agora será votado. Aliás, o conteúdo desse relatório tomou amplitude mundial. Falam em crime contra a humanidade. Isso é gravíssimo. O povo brasileiro quer justiça”, destacou Paim.
Trabalho da CPI prossegue nas instâncias internacionais
Os senadores também destacaram o trabalho que colheu elementos “robustos” ao longo dos últimos seis meses e que permitirão enquadrar Bolsonaro em diversos crimes com provas consistentes e irrefutáveis, já que o próprio presidente produziu provas contra si ao longo da pandemia.
“Temos elementos suficientes e robustos para caracterizar os crimes de Bolsonaro contra a humanidade. Ele foi enquadrado nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos, que podem dar de 30 anos de detenção a prisão perpétua. São crimes tão gravosos quanto o de genocídio”, explicou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) explicou que as denúncias constantes no relatório e que tratam dos crimes contra a humanidade não ficarão restritas à CPI, mas serão devidamente encaminhadas aos órgãos competentes para que deem sequência nas investigações e para que ocorram as devidas punições aos responsáveis.
“O trabalho da CPI não vai se cingir às instâncias nacionais. As denúncias de crime contra a humanidade e genocídio contra os povos indígenas serão levadas aos foros internacionais apropriados. Vamos ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, vamos ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em Genebra, vamos à Corte Interamericana de Direitos Humanos, em São José, na Costa Rica. Todas as atrocidades perpetradas por esse governo genocida serão punidas. Nada ficará impune”, destacou.