Na semana em que começam os depoimentos dos ex-ministros da saúde do governo Bolsonaro na CPI da Covid, a imprensa continua a repercutir os caminhos pelos quais devem seguir as investigações.
A recomendação do governo federal ao inexistente tratamento precoce e o estímulo ao consumo de medicamentos ineficazes contra o vírus devem entrar no radar dos senadores.
Além disso, de acordo com o colunista do Metrópoles, Ricardo Noblat, está à disposição da CPI um áudio de mais de oito horas de gravações de Jair Bolsonaro recomendando remédios ineficazes contra o vírus e criticando medidas adotadas por governadores e prefeitos que poderiam ter reduzido o número de mortos pela pandemia.
“A voz debochada e arrogante de Bolsonaro ecoa numa sucessão de vídeos e áudios que mostram um claro desrespeito e desumanidade com os doentes, além do confronto permanente do chefe do governo com os fatos, a ciência e o bom senso”, escreve o jornalista.
“A CPI da Covid já levantou mais de 200 momentos em que Jair Bolsonaro (sem partido) fez declarações em que minimiza a pandemia. Isso dá uma média de uma frase negacionista a cada dois dias. Bolsonaro trabalhou incansavelmente em favor do vírus”, destacou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Depoimentos de ex-ministros
A agenda de semana será marcada pela oitiva do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello.
Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich prestarão depoimento amanhã (4), às 10h; na quarta (5) será a vez de Eduardo Pazuello. Por fim, Marcelo Queiroga e Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) serão ouvidos na quinta-feira (6).
Na avaliação do senador Humberto Costa (PT-PE), é preciso ouvi-los para que o Brasil possa compreender ao final dos trabalhos da CPI quais foram os erros cometidos e que nos levaram, até o momento, a mais de 400 mil mortes.
“Vamos reconstruir os erros dessa tragédia desde o início. Precisamos entender como foi construída essa falência de gestão que nos trouxe à maior crise sanitária da história”, disse.
“Bolsonaro apostou na imunidade de rebanho, com a contaminação em massa dos brasileiros. O resultado dessa política genocida são mais de 400 mil mortos pela Covid-19 no país”, criticou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).