O relator da Comissão parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), rebateu, nesta terça-feira (03/07), as críticas do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO) que, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, chamou-o de “jagunço”.
“Quem diz que uma organização criminosa esteve infiltrada no governo de Goiás não sou eu, é a Polícia Federal”, rebateu. Cunha disse ainda que o governador contribui com as investigações da CPMI quando comparece para depor e dá sua versão dos fatos. Mas ressalvou: “a grande maioria das pessoas que foram convocadas pela CPI e são ligadas ao governador nada falaram; vieram munidas de habeas corpus”
O deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) saiu em defesa do relator. “Perillo presta um desserviço à CPMI quando ataca o relator. Quem denunciou Perillo não foi o relator, foi a Polícia Federal”, disse.
Reconvocação
Odair ainda garantiu, logo após a reunião, que todos os depoentes que faltaram ao depoimento hoje serão reconvocados. Além de Ana Cardozo de Lorenzo, também não compareceram Joaquim Gomes Thomé Neto, Rosely Pantoja da Silva e Edivaldo Cardoso de Paula.
Ele explicou que no caso de Ana Cardozo de Lorenzo, sócia da empresa Serpes Pesquisa de Opinião e Mercado, o objetivo era descobrir o motivo de um pagamento total de R$ 56 mil, feito pela empresa Alberto e Pantoja Construções e Transportes. Segundo as investigações da Polícia Federal, a Alberto e Pantoja seria uma das empresas de fachada ligadas à organização criminosa de Carlinhos Cachoeira e que serviria para lavar dinheiro da empreiteira Delta.
“Ela (Ana Lorenzo) admite que recebeu R$ 28 mil da Alberto e Pantoja em razão da realização de uma pesquisa solicitada pelo senhor Edivaldo”, declarou o relator. Ele lembrou que Edivaldo Cardoso de Paula foi presidente do Detran no estado de Goiás. “É um vínculo importante de um recurso da organização criminosa que se viabilizou em período eleitoral, precisamente em dezembro de 2010. É um vínculo evidente de alguém que está no Governo de Goiás com alguém que esta na organização criminosa, pagando uma pesquisa num período eleitoral”, avaliou o relator.
Odair Cunha destacou, ainda que, foi identificado um total de R$ 56 mil na conta da senhora Ana. “Ainda resta saber por que os outros 28 mil”, destacou.
Ana Lorenzo simplesmente não compareceu ao depoimento marcado. O presidente da CPMI, Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que vai encaminhará o caso para a secretaria da Comissão para tomar “as devidas providências”.
Rafael Noronha e Giselle Chassot