A semana da CPI da Covid contará com depoimentos de personagens diretamente ligados ao presidente Jair Bolsonaro. Já na terça-feira (17) deve ser ouvido o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques. Ele teria elaborado um “estudo paralelo” segundo o qual metade das mortes confirmadas no Brasil por Covid-19 não teria ocorrido.
O documento foi divulgado por Bolsonaro em 7 de junho em ato com seus apoiadores para justificar uma supernotificação de casos da doença no País. No mesmo dia, em nota, o TCU esclareceu que não havia informações em relatórios do tribunal que sustentassem a afirmação de Bolsonaro.
Após a manifestação do TCU, Bolsonaro admitiu que errou ao atribuir o relatório ao tribunal, mas insistiu na tese negacionista, sem apresentar provas, que há uma supernotificação das mortes por Covid-19 no Brasil.
Na quarta-feira avalia a realização da primeira acareação entre o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, e o deputado Luis Miranda (DEM-DF). Em depoimento à CPI, o deputado e seu irmão, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, apresentaram uma das versões da fatura que previa pagamento antecipado a uma operadora logística do Bharat Biotech com sede em Cingapura, a Madison Biotech, como indício de irregularidade no processo da Covaxin.
Já Lorenzoni, à época ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, disse em entrevista a jornalistas que os irmãos Miranda teriam falsificado a fatura para atingir Bolsonaro.
Integrantes da cúpula da CPI devem se reunir para definir se a acareação, de fato, vai contribuir com as investigações da CPI ou se ela terá pouco a acrescentar com o que já foi apurado pelos senadores.
Para a próxima quinta-feira (18) está agendado o depoimento empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos. Diretamente ligado à denúncia feita pelo deputado Luis Miranda.
A empresa Precisa Medicamentos era a representante no Brasil da Bharat Biotech, produtora da Covaxin. O contrato com o governo brasileiro previa 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão e foi suspenso em 29 de junho. Segundo Alessandro Vieira, no contrato firmado em 25 de fevereiro, o Ministério da Saúde se dispôs a pagar R$ 80 por dose da Covaxin, R$ 24 a mais do que o preço da dose oferecido pela Pfizer à época.
A ida de Maximiano à CPI já foi adiada mais de uma vez, a última delas em julho. Ele conseguiu no Supremo Tribunal Federal um habeas corpus para não responder perguntas que possam incriminá-lo.
Relações nebulosas
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) destacou o fato de a CPI ter identificado durante as investigações um “gravíssimo” esquema dentro do Ministério da Saúde envolvendo intermediários na compra de vacinas para Covid-19. Dentre eles, um grupo que seria ligado ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progessistas-PR), que depôs à CPI na última semana.
“As informações que a gente obteve com o telefone do Dominguetti mostram um esquema gravíssimo, de uma promiscuidade de relações, de grupos dentro do Ministério da Saúde: o grupo militar, o grupo ligado ao Ricardo Barros, o grupo ligado ao presidente. Tudo tinha intermediários”, disse o senador.
Com informações de agências de notícias