CPMI do Cachoeira rejeita relatório de Cunha e aprova texto alternativo

Relatório aprovado remete as investigações para o Ministério Público e para a Polícia Federal

Criada oficialmente no dia 19 de maio deste ano, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou as relações pouco ortodoxas do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos – o Carlinhos Cachoeira com políticos, empresários e outros poderosos termina nesta terça-feira (18/12) – sete meses depois, portanto -, com um relatório de mais de cinco mil páginas rejeitado por votação apertada. E a aprovação de um texto alternativo, de uma uma página e meia, apresentado pelo deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) por 21 votos a favor e sete contra.

Foram 18 votos contra o relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) e 16 a favor.  Rejeitado o texto, os integrantes da Comissão votaram a preferência para a votação do texto de Pitiman (PMDB-DF)  que não cita nenhum nome de investigado, critica o trabalho da comissão e diz que a investigação  deve ser feita pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. O relatório vencedor também sugere a criação de uma comissão de deputados e senadores para acompanhar as investigações.

A sugestão de encaminhar todo o material investigado para o Ministério Público e a Polícia Federal, de todo modo, já havia sido aprovada logo no início da sessão por conta de um requerimento apresentado pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Todas as tentativas de conciliação feitas pelo relator da Comissão se mostraram inúteis.  Vários parlamentares denunciaram que “um acordo de bastidores” havia definido o enterro do relatório de Odair Cunha e a aprovação do texto alternativo – e sucinto – de Pitiman. Uma última tentativa de salvar o texto original foi bravamente defendida pelo deputado petista logo no início da sessão desta terça-feira. “Retirei as partes que faziam referência ao Procurador Geral da República, por amplo apelo dos parlamentares”, anunciou, em tom conciliador que, informou ainda, ter retirado menções a jornalistas, ao procurador do estado de Goiás, Benedito Torres, a um vereador, também de Goiás, um empresário e outras autoridades.

Cunha disse ainda que seu parecer se baseava em três vértices: a investigação do contraventor Carlinhos Cachoeira, do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e a Delta Construções. “É o núcleo do nosso relatório”, afirmou.

Em vão. Embora vários críticos da CPMI, como o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), tenham votado e até defendido o texto, a maioria decidiu sepultar o parecer. Randolfe disse acreditar que seria melhor aprovar um texto que não considerava o ideal do que encerrar os trabalhos da comissão sem aprovar um documento final. Vale lembrar que a CPMI, com ou sem relatório final, tem prazo certo para encerrar suas atividades: o próximo sábado, dia 22 de dezembro.

Preferência

O deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) já chegou à reunião dizendo ter 12 das 19 assinaturas necessárias para que seu relatório fosse apreciado antes dos outros quatro textos alternativos ao de Odair Cunha. Em uma página e meia, Pitiman, além de criticar o trabalho da CPMI e sugerir maiores investigações pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. “Meu relatório me deixa com a consciência tranquila por não ter condenado inocentes nem absolvido culpados”, disse, ao sustentar seu texto.

O relatório final de Cunha pedia o indiciamento de 29 pessoas e a responsabilização de outras 12. Na lista, estavam o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT); o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO); e o ex-senador Demóstenes Torres.

Os votos em separado, além do texto de Pitiman, foram apresentados pelo senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e pelos deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Rubens Bueno (PPS-PR) e também da bancada do PSDB.

Além dos votos em separado, foram apresentadas dez sugestões: sete do senador Fernando Collor (PTB-AL) e as outras dos senadores Ciro Nogueira (PP-PI), Cyro Miranda (PSDB-GO) e João Costa (PPL-TO). O senador Pedro Taques (PDT-MT) afirmou que essa sugestão é o melhor caminho que se pode chegar no momento. Para ele, o ideal seria a prorrogação dos trabalhos, mas essa proposta foi rejeitada.

Giselle Chassot

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