Senadores: crise política impede votação da PEC da Maldade

Senadores: crise política impede votação da PEC da Maldade

Fotos: Alessandro DantasCarlos Mota

25 de novembro de 2016 | 17h30

O depoimento à Polícia Federal (PF) do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, caiu como uma bomba no Palácio do Planalto, envolvendo nomes do alto escalão e até mesmo do presidente Michel Temer. Devido à crise política, parlamentares afirmaram que não há condições de votar a PEC 55 (241), que congela gastos públicos pelos próximos 20 anos.

Do plenário do Senado, nesta sexta-feira (25), os petistas Gleisi Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias (RJ) denunciaram os abusos cometidos pela gestão Temer e a total falta de credibilidade do governo para exigir pressa na apreciação da proposta.

“Estamos aqui com uma PEC, que foi mandada por este governo e que não tem agora, no meu entender, condição alguma de ser discutida na próxima terça-feira e aprovada. Se já não tinha legitimidade o presidente que está lá, o Temer, para mandar a PEC, menos legitimidade tem agora para exigir que este Congresso a aprove. Ou seja, o País vai continuar sangrando com essa crise política, que é uma crise sem precedentes na nossa história”, argumentou Gleisi.

Lindbergh foi no mesmo tom. “É um absurdo tratarmos isso aqui como se nada estivesse acontecendo, levando à frente um projeto que rasga a nossa Constituição de 1988, destrói o nosso incipiente Estado de bem-estar social. Assim, vamos aqui – já anuncio no dia de hoje – lutar muito, para que esta PEC não seja votada na terça-feira, porque temos uma crise seríssima, e este Senado tem de discutir essa crise”, disse.

O pivô da crise tem sido o escândalo envolvendo o prédio “La Vue”, obra embargada onde o agora ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, teria comprado um apartamento. Na semana passada, Calero pediu demissão do cargo alegando que vinha sendo pressionando por Geddel para atuar junto ao Iphan, subordinado ao Ministério da Cultura, para liberar a continuidade da construção no edifício.

Mas a história ficou mais grave. Calero prestou depoimento à PF e afirmou que Temer queria que o ex-titular da Cultura encontrasse uma “saída” para a obra do “La Vue”. A ideia era que processo fosse enviado à Advocacia Geral da União “porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”. Calero disse que também foi pressionado pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Já antecipando que as conversas pudessem ter sido gravadas, Temer chegou a soltar uma nota pública reconhecendo que teve participação no caso. “O reconhecimento do presidente de que intercedeu por Geddel caracteriza crime de responsabilidade. O que aconteceu foi uma clara articulação, com a participação de vários ministros, em benefício de interesses privados. É muito grave e não há como minimizar isso”, disse o líder do PT, Humberto Costa (PE).

A PEC 55 está prevista para ser votada na próxima terça-feira (29).

 

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