Foto: DivulgaçãoGiselle Chassot, com informações do Painel da Folha 24 de novembro de 2016/ 20h21 Novas revelações no caso Geddel Vieira Lima movimentaram o início da noite desta quinta-feira (24). O plenário do Senado já estava quase vazio – exceto pelos petistas Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hofmann (PR), que se revezavam numa troca de discurso e aparte – quando começaram a aparecer as primeiras informações sobre o depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero à Polícia Federal. Sem meias palavras, ele teria dito que foi “enquadrado” pelo presidente sem voto Michel Temer. O então chefe queria que Celero encontrasse uma “saída” para a obra do interesse de Geddel – o edifício La Vue, embargado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Salvador.A informação é da coluna Painel, da Folha de São Paulo, e foi publicada no site do jornal às 18h56. “Imagine se fosse a presidenta Dilma”, ironizou Lindbergh assim que soube, pela senadora Gleisi, do mais novo capítulo da crise envolvendo o secretário-geral da Presidência. Minutos depois, já na audiência pública para apresentar os dados e indicadores de equidade e progressividade do sistema tributário nacional, Lindbergh anunciou que reuniria a área jurídica da Oposição reunida para ver quais as providências legais seriam tomadas. “A se confirmarem as informações, trata-se de crime de responsabilidade”, disse a senadora Gleisi. “É extremamente grave”. Ela queixou-se, ainda, de que nem de longe o governo ilegítimo está sendo tratado com a mesma rigidez com que o governo Dilma foi tratado. Isso é da mais alta gravidade grave”, reforçou Lindbergh. Durante toda a semana, a demissão de Calero, que acusa Geddel de pressioná-lo para que reverter o embargo do Iphan ao empreendimento onde o Secretário adquiriu uma unidade no 23º andar. “É um presidente da República envolvido em negócios”, estranhou, anunciando, que, uma vez confirmados pela Polícia Federal, os termos do depoimento, Temer deve ser convidado a se explicar ao Congresso Nacional. Depoimento De acordo com a reportagem, Calero disse, em seu depoimento, enviado ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República, que foi convocado pelo próprio Temer ao Palácio do Planalto onde recebeu um puxão de orelhas. “O presidente disse ao depoente que que a decisão do Iphan havia criado ‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”.
O ex-ministro disse ainda que Temer encarava a pressão de Geddel com normalidade e que ficou decepcionado por ter sido enquadrado pelo próprio presidente. Por isso, decidiu pedir demissão.
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