Foto: Secretaria de Governo (divulgação)Giselle Chassot
22 de novembro de 2016 | 18h39
Parlamentares do PT e do PCdoB acreditam que já há indícios mais que suficientes para pedir que o ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, seja afastado do cargo. Ainda assim, o governo ilegítimo e a base aliada governista decidiram que ele fica. O líder do PT, Humberto Costa (PE) protestou em plenário contra a decisão e pediu que Geddel venha ao Senado explicar se de fato usou seu cargo para pressionar um colega de ministério, como denunciou o ministro demissionário da Cultura, Marcelo Calero.
Nesta terça-feira (22), senadores e deputados de oposição apresentaram uma petição ao presidente da Comissão de Ética Pública, Mauro Lopes, pedindo que Marcelo Calero e a presidenta do Iphan, Kátia Bogéa, sejam ouvidos para esclarecer os fatos. Eles também solicitam uma acareação entre Calero, Bogéa e Geddel. Órgão vinculado à Presidência, a Comissão de Ética fiscaliza eventuais conflitos de interesse envolvendo integrantes do governo. O colegiado não tem poder para punir nenhum servidor público, entretanto, como é um órgão consultivo do presidente da República, pode recomendar ao chefe do Executivo sanções a integrantes do governo, entre as quais demissões.
“Não é possível que a base do Governo diga que é possível conviver com a corrupção para não atrapalhar o Palácio do Planalto”, disse, referindo-se à onda de solidariedade que se formou em torno do ministro. Segundo Humberto, afastar Geddel é importante para que tudo possa ser apurado sem que o ministro intervenha.
O homem-forte do governo ilegítimo foi confirmado no cargo por Michel Temer e despertou uma onda de solidariedade por parte de parlamentares da base governista depois que Calero deixou seu cargo anunciando, em entrevista à Folha de S. Paulo, que havia sido pressionado pelo Secretário de Governo a liberar a construção de um prédio em área nobre de Salvador. Geddel é proprietário de um apartamento no 23º andar. Inicialmente, a previsão era de que o empreendimento tivesse apenas 13. A obra foi embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Nem onda de solidariedade nem declarações do presidente sem voto dissuadiram a oposição. Os parlamentares entendem que, além do processo aberto pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, outras medidas devem ser tomadas para esgotar totalmente as investigações sobre o caso que movimenta a política desde o último final de semana.
“O presidente da República nada fez e nada faz. Segura o ministro no cargo de maneira desavergonhada, por interesse político que ninguém sabe qual, da mesma forma que quis sustentar outros em situação similar e acabou vencido pela opinião pública nas páginas dos jornais”, disparou Humberto. Já perderam suas Pastas no governo Temer, os ministros Fabiano Silveira (Transparência), Romero Jucá (Planejamento), Fábio Osório (Advocacia-Geral da União). O líder do PT disse não entender o “medo que o presidente sem voto tem do ministro”. O pedido à Comissão de Ética se soma à representação protocolada nessa segunda-feira (21), na Procuradoria Geral da República que pedia o afastamento de Geddel, acusado de usar seu poder político para garantir benefício próprio. Leia mais: Parlamentares pedem afastamento de Geddel e apuração de possíveis crimes Humberto Costa pede demissão imediata de Geddel Vieira Lima