Nem é preciso coletar dados ou fazer qualquer levantamento. Basta andar pelas cidades, principalmente grandes e médias, para constatar o óbvio: o número de pessoas em situação de rua vem crescendo exponencialmente nos últimos anos em todo o país. É o resultado da política econômica voltada aos ricos e de costas para os pobres colocada em prática por Bolsonaro e Guedes, dando sequência ao que fizeram Temer e aliados após o golpe de 2016.
Mas o que está à vista de todos fica também explícito nas planilhas oficiais. Dois dados divulgados nos últimos dias demonstram bem o tamanho da tragédia social na capital paulista, numa situação reproduzida no Brasil todo. O primeiro mostra que dobrou o número de crianças e adolescentes em situação de rua, de acordo com censo realizado pela Prefeitura de São Paulo veiculado pela Band/Uol. São 3.759 jovens nessa situação, contra 1.842 registrados em 2007, ano do último levantamento.
O segundo dado mostra como a crise se acentuou sob Bolsonaro. Reportagem do G1 registra que o número de famílias que vive em extrema pobreza cresceu 5,52% apenas nos quatro primeiros meses de 2022, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Smads). Em abril, 654.103 famílias estavam nessa situação, contra 619.869 famílias computadas em janeiro. Os dados foram coletados do Cadastro Único (CadÚnico) do município.
O aumento da desigualdade é gritante quando se coloca lado a lado os lucros exorbitantes exibidos com orgulho pelo setor financeiro. O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), traçou esse paralelo entre os que têm cada vez mais e os que não têm nada. Nas redes sociais, ele postou um gráfico sobre a evolução do lucro anual somado do Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil — que passou de R$ 16,2 bilhões em 2006 para R$ 81,6 bilhões em 2021 — com o comentário: “Enquanto o Brasil vai à falência e os brasileiros desempregados, passando fome e morrendo de Covid, dengue, chicungunha e o SUS na UTI”.
Por sua vez, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) associou o aumento da miséria e da desigualdade aos milhões de reais gastos com cartão corporativo por Bolsonaro, que além de tudo tem carga horária de trabalho menor que a de um estagiário.
“O povo desempregado passa fome e o presidente do país gasta com farra! E os brasileiros que a muito custo conseguem sustentar um emprego, estão vendendo o almoço pra comprar a janta! Enquanto isso, Bolsonaro não trabalha! Foram menos de 4 horas por dia de expediente este ano”, apontou.
Outro levantamento, dessa vez sobre o Espírito Santo, foi comentado pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), numa extensão do que mostraram os dados de São Paulo. De acordo com a agência Fiquem Sabendo, dados do Sistema Único de Saúde mostram que 6 a cada 100 crianças no estado estão abaixo do peso, resultado da insegurança alimentar que assola o país.
“É absurdo que a fome continue a avançar pelo Brasil e pelo nosso Espírito Santo, atingindo os mais vulneráveis, as crianças, e nada façamos! O Estado tem que se voltar a essas pessoas! É preciso lutar contra a mazela aviltante da fome no nosso país”, conclamou.
(Com Band/Uol, G1 e Prefeitura de São Paulo)