O negacionismo proclamado e defendido pela gestão anterior que vitimizou mais de meio milhão de brasileiros e brasileiras durante a pandemia de Covid-19 continua causando vítimas no Brasil.
Reportagem do UOL, publicada nesta segunda-feira (27), traz a informação de que um médico tem ofertado consultas, por aplicativo de mensagens – como o Whatsapp –, oferecendo serviços como “tratamento precoce”, “tratamento pós-covid” e, atém mesmo, um suposto “detox vacinal” por R$ 470.
Medicamentos como a ivermectina, comprovadamente ineficaz contra o coronavírus e receitados por médicos negacionistas durante o auge da pandemia, continuam sendo indicados como uma suposta solução para a retirada da proteína spike — o encaixe químico usado pelo vírus para infectar as células humanas.
Além disso, vitaminas, anti-inflamatórios e uso de 100 mg de aspirina por dia pelo resto da vida também são parte do tratamento de desintoxicação dos “efeitos nocivos da vacina”.
“Lamentavelmente, vimos difundir-se essa triste prática, alicerçada no negacionismo da ciência, utilizada por oportunistas sem nenhum respeito pela vida humana. Por isso também é fundamental que esses casos sejam devidamente investigados e punidos. Porque trata-se de um crime contra a saúde”, destacou Rogério Carvalho (PT-SE), primeiro-secretário do Senado.
“Na CPI da Covid-19, por exemplo, nós revelamos casos monstruosos de testes em seres humanos sem qualquer comprovação científica e isso não pode ser esquecido”, lembrou Rogério, que foi membro ativo na investigação parlamentar.
O presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), senador Humberto Costa (PT-PE), lembrou de denúncia feita por ele já na época da CPI, de que existe todo um mercado com pessoas lucrando em cima da boa-fé dos brasileiros.
“Há muitos enganando gente crédula com tratamentos e medicamentos ineficazes e até com risco à saúde e à vida enquanto enriquece às custas disso. É caso de polícia, é caso de ação imediata do Conselho Regional e do Conselho Federal de Medicina para impedir que maus profissionais usem da sua titulação para cometer crimes atrozes como esses que estão sendo praticados à vista de todos”, enfatizou o senador, autor do livro “A Política Contra o Vírus”, em que revisita a investigação da qual fez parte.
Ainda segundo a reportagem do UOL, outra médica, com consultório em área nobre de São Paulo, cobra R$ 1,8 mil para realizar uma “terapia de reversão vacinal”, afirmando anular supostos “efeitos adversos”.
Na avaliação do senador Rogério Carvalho, a disseminação de discursos e práticas antivacina no Brasil dão a verdadeira dimensão dos desafios a serem enfrentados pelo governo Lula na recuperação dos índices vacinais no país.
O resgate da credibilidade da ciência, sobretudo devido à epidemia do charlatanismo que tomou conta do Brasil nos últimos anos, a retomada das campanhas de vacinação e a promoção de políticas que priorizem a saúde, educação e investimentos na ciência são alguns dos pontos essenciais a serem trabalhados pela atual gestão.
“Agora é hora de agir de modo responsável e célere para que possamos implementar políticas que promovam a saúde, o bem-estar da população e a massificação da compreensão coletiva daquilo que realmente importa: proteger e salvar vidas”, concluiu Rogério Carvalho.