ARTIGO

Defesa da soberania nacional é urgente e estratégica

Não se pode gerir uma Nação desse tamanho e com essa riqueza apenas no livro caixa, como faz um dono de quitanda no interior

Jaques Wagner

Defesa da soberania nacional é urgente e estratégica

Foto: Alessandro Dantas

Está em curso no Brasil um grave plano de entrega da nossa soberania. Na falta de um projeto para o país, o governo escolheu a subserviência e a subalternidade como orientação. As consequências dessa agenda entreguista podem não ser sentidas imediatamente e, quando nos dermos conta, boa parte das nossas riquezas já não será mais nossa, estará sob comando do capital e dos interesses estrangeiros.

O atual governo criou uma nova forma de dispersar as atenções e tirar o foco do seu perverso projeto financeiro. E fazem isso a partir de uma série de impropérios disparados pelo próprio presidente e por seus auxiliares ditos ideológicos. Vivemos bombardeados de factóides que proliferam no noticiário e nas redes sociais.

Enquanto isso, atacam como cupins a educação, a ciência e tecnologia, o meio ambiente, nossas empresas e nossos bancos. Afrontam os valores da nossa tradição diplomática, que nos fez ser respeitados no mundo, por uma política externa que defende a autodeterminação dos povos e o relacionamento altaneiro entre países.

A Petrobras é o primeiro alvo do desmonte. Apesar de o Brasil ser o terceiro maior mercado de combustíveis do planeta, atrás somente de EUA e China, e o controle desse negócio ser uma das preciosidades do setor de petróleo mundial, a BR Distribuidora acaba de ser privatizada. No mês passado, foram vendidas 90% das ações da Transportadora Associada de Gás S.A (TAG), também subsidiária da Petrobras.

A isso se soma as negociações para uso da Base de Alcântara, o explícito oferecimento da Amazônia para exploração estrangeira e a facilitação da exploração de minérios em territórios indígenas. Por outro lado, cortam recursos das universidades e de programas de pesquisa. Ou seja, detonam nossa soberania e nosso conhecimento para que voltemos a ser meros exportadores de commodities e de mão de obra.

Não se pode gerir uma Nação desse tamanho e com essa riqueza apenas no livro caixa, como faz um dono de quitanda no interior. Precisamos pensar o futuro, sob o risco de colhermos as consequências da desindustrialização, como ocorreu na Argentina, por decisões equivocadas que quebraram a cadeia produtiva daquele país.

Diante desse quadro, reagir é preciso. Cabe aos partidos do campo progressista, sindicatos, movimentos sociais, academia e à intelectualidade se organizaram em defesa da soberania nacional, para que a gente possa garantir a sobrevivência do Brasil.

Nós da oposição perdemos a eleição no ano passado e nos preparamos para disputar a próxima. Mas não perdemos a responsabilidade com o Brasil. Um país não é somente o hoje. É o hoje a projeção do amanhã. Por isso a defesa da nossa soberania nacional não é só urgente, como estratégica.

Originalmente publicado no jornal A Tarde, da Bahia.

To top