Delcídio do Amaral pede reflexão dos senadores |
A longa sessão do Senado na noite de terça-feira (09) se arrastava havia quase seis horas discutindo novas regras para a suplência de senadores. A Proposta de Emenda Constitucional 37/2011 previa, entre outras medidas, a proibição de parentesco entre suplentes e titulares eleitos e a redução de dois suplentes para um por senador, além de estabelecer prazos para a escolha de novos senadores titulares, no caso da vacância do cargo.
Embora condizentes com o que as manifestações de maio e junho passado, a forte pressão dos suplentes – hoje eles somam quase 20% do total de 81 senadores – prolongou a discussão o quanto pôde, contrariamente à decisão do PT de votar, até que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que votou a favor da PEC, pediu a palavra para desabafar:
“Estamos vendo neste Senado uma cena dantesca. Nós estamos discutindo um projeto de suplentes de Senadores há quase seis horas!”, afirmou, enfileirando várias perguntas aos demais senadores? “Será, como alguns senadores aqui disseram, que isso representa efetivamente a voz das ruas, aquilo que efetivamente deseja a juventude, que defendeu temas importantes para o seu futuro e para o futuro do nosso País? Será que eles merecem uma discussão estéril como esta aqui? É uma discussão estéril, feita há mais de seis horas!”
A sinceridade do pronunciamento do senador do PT do Mato Grosso do Sul deixou o plenário
“Eu tenho assistido, senhor presidente – e o senhor tem responsabilidade, porque o senhor é o nosso condutor –, a verdadeiras barbaridades que estão sendo feitas no Senado nos últimos dias. Muita gente está reclamando, muita gente está intimidada, mas ninguém fala. E nós estamos votando coisas que são absolutamente irresponsáveis. Eu tenho visto matérias aqui sobre foro, sobre Receita Federal, sobre proposta de deputados e de senadores automaticamente irem para a malha fina”, disse, para, em seguida, perguntar:
“Afinal de contas, o que nós somos aqui, senhor presidente? Nós somos senadores e senadoras da República. Nós temos, mais do que nunca, de discutir com nossas lideranças e de, com responsabilidade, votar aquilo que é importante para o País”.
O silêncio se manteve.
“Tenho assistido, com surpresa, com preocupação”, continuou, “a maneira como as coisas estão acontecendo no Senado Federal, a essa cena de constrangimento em que senadores e senadoras perguntam uns para os outros, para ver como é que cada um vai votar, preocupados com o reflexo de, eventualmente, essa PEC cair ou não. Senhor presidente, eu espero que isso termine logo e que venha o recesso parlamentar. Eu espero que a gente avalie bem as nossas agendas, porque nós estamos chegando a uma situação, senhor presidente, absolutamente inadministrável!”
De novo, afirmando que “ninguém se desconhece clamor das ruas”, continuou:
“Ninguém aqui se nega a votar. É preciso preparar o Brasil, depois do processo de inclusão social, para essas novas reivindicações, para esse novo Brasil, o Brasil que os movimentos sociais deixaram, lamentavelmente, de repercutir. E o Congresso tem muita responsabilidade com relação a isso”.
“Portanto, senhor presidente, acho um absurdo o que aconteceu hoje aqui. E acho que nós precisamos ter, mais do que nunca, uma avaliação muito sincera, madura, para que não prejudiquemos leis importantes, para que votemos projetos que olhem a Federação, que olhem as questões fiscais. Nós somos votados para votar legislações que tragam segurança para o nosso País e que garantam um futuro melhor para a nossa gente”.
Ao final, temendo que “as coisas estão caminhando para um rumo que não sei aonde vamos chegar”, conluiu: “Sem dúvida alguma, se alguém pensa que vai ganhar alguma coisa aqui, o Brasil vai perder”.
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