Delcídio: falta vontade política para resolver degradação do Pantanal

Senadores estudam soluções para a crise socioambiental do rio Taquari 

“O charme é falar do Amazonas. E estamos
deixando de lado um dos biomas mais
importantes do planeta. Vão visitar o rio
Taquari par ver o estrago a fauna, flora e
social”

Um cenário desolador: assoreamentos, erosões e inundações na bacia rio Taquari estão destruindo a cadeia produtiva de parte do Mato Grosso do Sul, o que intensificou o êxodo rural e está gerando graves problemas sociais, como o aumento da violência e da prostituição em alguns municípios. Essa foi descrição feita por todos os participantes da audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado, nesta quarta-feira (15), que tentou desenhar soluções para esta situação.

Após a chefe da Embrapa Pantanal, Emiko Kawakami de Resende, apresentar o estudo “Impactos Ambientais e Socioeconômicos na Bacia do Rio Taquari – Pantanal”, que mostram como a má ocupação do solo levou a esta crise ambiental, o senador Delcídio do Amaral (PT-RS) enfatizou que o problema já é conhecido e que agora é preciso “vontade política” para resolver. “Acabou o tempo. Não dá mais para ficar filosofando sobre o rio Taquari. É preciso vontade política para recuperar. Definir recursos”, afirmou o senador, depois de apresentar um plano de ação já entregue ao governo do estado que prevê, dentre outras coisas, a realização de escavação mecânica, fechamentos de áreas arrombadas e recuperação da mata ciliar. 

Delcídio elevou o tom e cobrou dos defensores do meio ambiente atenção maior ao bioma Pantanal. “O charme é falar do Amazonas. E estamos deixando de lado um dos biomas mais importantes do planeta, que sofre o maior acidente ambiental do País. Vão visitar o rio Taquari par ver o estrago a fauna, flora e social”, sugeriu.

Números
Segundo o secretário de Produção da prefeitura de Corumbá (MS), Pedro Lacerda, mais de um milhão de hectares de terras utilizadas pelo agronegócio tornaram-se improdutivas – o que corresponde a cerca de 10% do município. Em complemento, a vereadora da cidade, Cristina Lanza, ressaltou que 400 famílias (ou 2.000 pessoas) deixaram o campo e foram para a cidade, onde não conseguem se ingressar no mercado de trabalho por falta de experiência e acabam “engrossando a marginalidade”. “Tem famílias com filhos presos e filhas se prostituindo, porque foram criados para a lida no campo”, advertiu. “Precisamos tirar a questão do rio Taquari dos limites de Mato Grosso do Sul e colocá-lo na esfera nacional.”

O senador Ruben Figueiró (PSDB-MS), autor do requerimento que deu origem a audiência, lembrou que em 2007 foi criada uma comissão interministerial para produzir um levantamento e soluções para os estragos ambientais da bacia do Itaquari. Mas, segundo ele, o grupo deveria divulgar mais o andamento dos trabalhos, por isso indicou que vai protocolar um pedido de informação “para saber em que pé estão essas atividades”.

pantanal

A degradação causou graves problemas à flora,
à fauna e à socioeconomia da região pantaneira.
Mais de um milhão de hectares de terras usadas
pelo agronegócio tornaram-se improdutivas

Para os senadores Delcídio, Inácio Arruda (PC do B-CE) e Waldemir Moka (PMDB-MS), além das informações sobre o trabalho interministerial, é preciso consolidar em um único Ministério as demandas. Eles acreditam que o Ministério da Integração é o mais indicado pelas funções que exercem. “O Ministério do Meio Ambiente a gente sabe que tem dificuldade, por causa do orçamento enxuto”, ponderou Moka.

A chefe da Embrapa Pantanal ainda considerou urgente a necessidade de construir alternativas que ensinem ao pantaneiro outra forma de agir diante da globalização. Dentre esse tipo de ação ela citou a política de construção de viveiros, gerenciada pelo Executivo. O senador Moka também destacou o programa de recuperação de mata ciliar ao longo do rio.

O rio

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A severa erosão e o conseqüente assoreamento
geraram uma gigantesca área de inundação
permanente

O rio Taquari, um dos principais formadores do Pantanal, estabeleceu-se na planície pantaneira e rio formou um gigantesco leque aluvial de 55.509 km², onde se situam as duas principais sub-regiões do Pantanal, o Paiaguás e a Nhecolândia.

As intensivas atividades agropecuárias, a má adequação das estradas, o aumento da atividade agropastoril e a movimentação do rebanho nas encostas para beber água nos rios, o desmatamento indiscriminado em áreas de preservação permanente, como matas ciliares e topos de morros, o ravinamento das sub-bacias do planalto, o aumento da precipitação média e a modificação da estrutura morfológica dos rios do Pantanal. Houve aumento das áreas de inundação abaixo de 200 m de altitude, bem como a não adoção de práticas de recuperação do solo são segundo a EMBRAPA, os principais fatores de aceleração da erosão natural da bacia do alto Taquari.

Confira a íntegra do estudo “Impactos Ambientais e Socioeconômicos na Bacia do Rio Taquari – Pantanal”

Catharine Rocha com informações do site  http://www.leonamsouza.com.br/

Fotos: www.correiodopantanal.com.br E www.corumba.ms.gov.br

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