Depois do resultado acachapante no STF, Cunha é um pitbull sem dentes

Depois do resultado acachapante no STF, Cunha é um pitbull sem dentes

Cunha: réu por corrupção e lavagem de dinheiroNão adiantou desmerecer as acusações da Procuradoria Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro, como se não fosse com ele. Não adiantou criar dificuldades para o Brasil com suas pautas-bomba, criando despesas que só agravaram os déficits do governo federal. Não adiantou, tampouco, pendurar seu suposto prestígio nos evangélicos e seus representantes no Congresso. O deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, após a primeira parte do julgamento do Supremo Tribunal Federal desta quarta-feira (02), suspenso com o acachapante resultado de 6 x 0 a favor de sua nova condição como réu em ação penal, a partir de agora, é um pitbull sem dentes.

O resultado da votação dos ministros ainda não foi fechado (são onze votos, no total) e é praticamente impossível que os ministros voltem atrás. Todos os ministros que adiantaram seu voto até o momento – Cármen Lúcia, Luiz Carlos Fachin, Marco Aurélio Mello, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber – estão de acordo com o relatório apresentado pelo ministro Teori Zavascki no qual Cunha é acusado de usufruir do cargo de parlamentar e presidente da Câmara para achacar o empresário Júlio Camargo e, em troca, segundo os indícios comprobatórios do processo, receber 5 milhões de dólares.

A votação do STF também marca o início do fim do período mais retrógrado da Câmara dos Deputados, desde a redemocratização do Brasil em 1985. Ao assumir a Presidência da Câmara no início do ano passado, para um período de dois anos, Cunha submeteu os parlamentares a uma série sem fim de manobras, abuso de poder e atropelos. Aparentemente invisível, coordenando um rebanho de ovelhas cegas, Cunha expôs a Câmara a todos os tipos de constrangimento e vergonha. Essas mesmas ovelhas, a partir de agora, deverão começar a pensar em tomar outros caminhos e a pensarem por si próprios – se não quiserem ser arrastados para o limbo e deixarem de ser cúmplices dos métodos mafiosos e do banditismo que predominaram na Câmara nesse período.

Mas esse processo não será instantâneo. Por comprometimentos, ameaças e chantagens, vários parlamentares da chamada “bancada do Cunha” ainda deverão manter-se fiéis, apostando na aura de invencibilidade que o Supremo agora trincou.

Os 6 a 0 apurados no STF também deverão afastar Cunha definitivamente de parte da mídia que lhe estendeu apoio para, em troca, fomentar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Não será mais possível sustentar a conivência com um parlamentar feito réu por corrupção e lavagem de dinheiro, poupando-o no noticiário. Cunha, agora, é companhia comprometedora, a caminho de tornar-se um zumbi.

 

Alceu Nader

Foto: Lula Marques/Fotos Públicas

 

 

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