O Brasil é, historicamente, um país desigual. Mas os números do governo que se despede em 31 de dezembro provam que o que é ruim pode sempre piorar. Bolsonaro, sua equipe e suas políticas conseguiram multiplicar tanto ricos quanto miseráveis, cavando um fosso recorde entre as duas classes.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de brasileiros na extrema pobreza aumentou quase 50% até dezembro de 2021. Ou seja, ainda pode piorar com os números do 4° ano do atual mandato. Nesse dominó social, 62,5 milhões de brasileiros, ou quase um terço da população, estão abaixo da linha da pobreza. Desse contingente, 17,9 milhões estão na pobreza extrema.
Longe da valeta acinzentada, as cores estão cada vez mais vivas. O governo que isentou de taxa a importação de jet-ski e reduziu o Imposto sobre aluguel de jatinhos viu multiplicar a minoria rica. Nos mesmos 3 anos, aumentou em mais de um terço (562 mil) o número de pessoas com rendimentos anuais acima de R$ 1 milhão, informou também o IBGE. Assim, para a alegria das marcas de luxo, o Brasil chegou a 2,1 milhões de cidadãos bem aquinhoados.
A multiplicação de milionários, noticiada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (5), é o retrato do governo Bolsonaro, avalia o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA).
“62 milhões na pobreza e o Brasil acumula recordes de milionários! Este é o legado de desigualdade deixado pelo governo Bolsonaro. As cifras apresentadas na matéria são indecentes!”, indignou-se.
Os números que escandalizam o líder do PT escancaram a ausência do povo no Orçamento da União dos últimos anos. A correção desse rumo é uma das promessas do presidente eleito, Lula. Parte dessa mudança está nas políticas estruturantes e nos investimentos necessários para que a economia volte a gerar emprego e renda. Mas também são necessárias medidas urgentes para aplacar a fome e a miséria. A principal delas atende pelo nome de Bolsa Família, programa de sucesso dos governos do PT, que foi desmontado por Bolsonaro.
Para reorganizar e fortalecer o programa, e também para garantir recursos a outras áreas sociais sensíveis, encontra-se em análise no Senado Proposta de Emenda Constitucional (PEC) costurada pelo governo de transição com líderes do Congresso. Ela abre no Orçamento da União de 2023 espaço para a aplicação de R$ 198 bilhões sem impacto no teto constitucional de gastos. O valor garante o Bolsa Família de R$ 600, além de R$ 150 por criança de até 6 anos de idade, e deixa uma margem, R$ 23 bilhões, para investimentos.
O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que o governo atual “entrega o Brasil quebrado” e que, por isso, não há opção fora da aprovação da proposta.
“Não tem orçamento. Como vamos cuidar da vida do nosso povo a partir de 1º de janeiro? Por isso, na minha avaliação, nenhum senador tem condição de votar contra essa proposta. Todos os candidatos na disputa presidencial garantiram que iriam pagar o valor de 600 reais. Vale a palavra empenhada”, ressaltou.