A pandemia de Covid-19 e a ausência de ações efetivas no combate aos seus efeitos por parte do governo Bolsonaro tem feito aumentar um dos principais problemas do Brasil. A desigualdade social.
Dois dados divulgados nesta semana dão a dimensão do que está acontecendo nos dois extremos da pirâmide social.
Depois de recuar significativamente até meados da década passada, a fome voltou a crescer no Brasil e a chamada insegurança alimentar disparou nos dois últimos anos. São quase 117 milhões de pessoas nessa situação, sem acesso pleno e permanente a alimentos. Além deles, há ainda 19,1 milhões de brasileiros que efetivamente passam fome, em um quadro de insegurança alimentar grave.
Os dados fazem parte do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan). Pela pesquisa, mais da metade da população está em situação de insegurança alimentar, seja leve, moderada ou grave. Dessa forma, o total passou de 36,7% dos domicílios, em 2018, para 55,2% no final do ano passado.
“Os números são assustadores. Bolsonaro está jogando o Brasil novamente no Mapa da Fome”, criticou o senador Paulo Rocha (PA), líder do PT.
No outro extremo, a revista Forbes divulgou a lista anual das pessoas mais ricas do mundo. E durante a pandemia, o Brasil passou a ter 20 novos bilionários na lista em comparação com a lista do ano anterior. O número de brasileiros bilionários cresceu de 45, em 2020, para 65 agora.
Os R$ 1,6 trilhões detidos pelos 65 brasileiros juntos equivalem a uma fortuna aproximadamente igual a um quinto da riqueza econômica gerada no Brasil em um ano. Em 2020, o Produto Interno Bruto do Brasil foi de R$ 7,4 trilhões.
Auxílio emergencial é a solução
O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que o Brasil precisa priorizar a vacinação para acelerar a recuperação econômica e alcançar as expectativas de crescimento para este ano, projetadas em 3,7% em relatório divulgado nesta terça-feira (6) pela instituição.
A conselheira econômica e diretora de pesquisa do FMI, Gita Gopinath, afirmou que medidas como o auxílio emergencial impediram uma contração mais grave no Brasil e devem ajudar na retomada, mas ainda há desafios para que o país alcance o patamar de crescimento previsto para 2021.
Na avaliação do senador Rogério Carvalho (PT-SE), apenas o pagamento de um auxílio emergencial digno será capaz de reverter a tendência de piora dos índices de desigualdade e trazer dignidade para a população mais afetada pela pandemia.
“O Brasil precisa de um auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia para controlar a transmissão de Covid-19 e salvar a economia. O país, infelizmente, voltou a ser o país da fome, da miséria, da falta de oportunidades e esperança. A culpa é desse governo que não faz nada para cuidar do povo”, criticou.