A ofensiva contra os bancos públicos iniciada após o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, em 2016, ameaça não somente os funcionários dessas instituições financeiras com a possibilidade de desemprego, mas ameaça também o desenvolvimento do País. Essa é a avaliação dos especialistas que discutiram o desmonte dos bancos públicos, nesta quarta-feira (8), na Comissão de Direitos Humanos (CDH).
“Nós travamos no último período um debate sobre qual o papel das empresas públicas junto à sociedade brasileira. Os bancos públicos têm um papel no desenvolvimento regional: fomentar esse desenvolvimento nos locais mais remotos do País. Nas regiões mais distantes, geralmente, são os bancos públicos que chegam oferecendo financiamento, fomentando a geração de empregos, investimentos em infraestrutura”, explicou Jair Pedro Ferreira, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).
De acordo com dados apresentados pelo representante da Caixa, a instituição é responsável por 69% de todo o financiamento habitacional existente no País. Cerca de 82% de todos os financiamentos habitacionais em todo o País provem de carteiras ligadas a bancos públicos. A Caixa também é responsável por mais de R$ 82 bilhões voltados para o saneamento e a infraestrutura. Segundo Jair, esse tipo de financiamento praticamente inexiste em bancos privados.
Além disso, a Caixa também é responsável pelo pagamento de importantes programas como: Bolsa Família, aposentadoria, pensões, Minha Casa Minha Vida, loterias, dentre outros benefícios.
“Nós precisamos dialogar com a população. Ela precisa entender a importância dos bancos públicos. Viajei por todos os municípios do meu estado [Piauí] nos últimos anos e sempre ouvia dos prefeitos e moradores daquelas regiões sobre a necessidade de instalações de agências de bancos naqueles municípios. Não adianta fazermos panfletos e cartazes para nós. Nós já sabemos do problema. É a população que está lá na ponta que não sabe para que serve um banco público. Vamos conversar com quem ainda não tem acesso a essas informações”, destacou a senadora Regina Sousa (PT-PI), presidenta da CDH.
Para Kleytton Guimarães Morais, representante do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, o impeachment da presidenta Dilma resultou na retomada de uma agenda liberal-conservadora que tem como premissa a redefinição do papel do Estado brasileiro e a abertura de espaço para atuação de instituições privadas naquilo que elas tiverem interesse em atuar.