A diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, se negou nesta terça-feira (13) a responder as perguntas na CPI da Covid, inclusive o compromisso de dizer a verdade. Emanuela também se recusou a responder qual era a sua relação com a empresa Precisa Medicamentos. Questionada três vezes pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), ela repetiu que ficaria em silêncio.
Diante da posição da depoente, o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, suspendeu a sessão e informou que a comissão entraria com embargos de declaração junto ao STF para entender os limites do habeas corpus obtido por Emanuela.
A defesa de Emanuela Medrades obteve o direito de a depoente permanecer em silêncio nas perguntas que pudessem incriminá-la.
Logo após o plenário, a CPI retomou o depoimento de Emanuela Medrades. Enfim, a depoente respondeu qual era a sua relação com a Precisa Medicamentos. Na sequência, ela voltou a silenciar alegando estar “exausta”.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) questionou o motivo do silêncio da depoente, se ela tinha medo de se incriminar ou realmente o motivo era a exaustão. E Emanuela voltou a afirmar que queria colaborar com a CPI, mas estava exausta. Ela se comprometeu com o senador Omar Aziz a comparecer novamente ao colegiado nesta quarta-feira (14), às 9 horas, para prestar seu depoimento. No mesmo dia também deve depor o chefe de Emanuela, Francisco Maximiano, sócio-administradir da Precisa Medicamentos.
A Precisa Medicamentos foi a responsável por intermediar a aquisição de doses da vacina indiana Covaxin entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica Bharat Biotech. O contrato, de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses, é alvo de investigações do Ministério Público Federal, do Tribunal de Contas da União e da Polícia Federal.
Convocação do general Braga Netto
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) pediu a quebra de sigilos do ministro da Defesa, general Braga Netto, durante o período em que ele esteve à frente da Casa Civil. Na avaliação do senador, a tentativa de Braga Netto proteger o sigilo de seus atos durante o período em que ocupou a Casa Civil pode ser a razão da tentativa de intimidação da nota divulgada por ele, na semana passada, contra a CPI.
“Isso pode ser a base da tentativa de intimidar essa comissão para que não solicite, por exemplo, a comunicação interna dele com os demais ministros da Espanada [dos Ministérios] para que a gente possa avaliar como ele se conduziu no combate à Covid-19”, disse. “Precisamos requerer todas as comunicações do período em que o ministro Braga Netto foi chefe da Casa Civil com o Ministério da Saúde. No dia em que está Casa e qualquer parlamentar se acovardar, a gente começa a desmoronar a nossa frágil democracia”, completou.
Para Rogério Carvalho, o general teria participado de negociações suspeitas junto ao Ministério da Saúde para compra de vacinas contra a Covid-19.
O senador Humberto Costa enfatizou que, na CPI, não estão em julgamento as instituições que compõem as Forças Armadas do Brasil. Mas, o colegiado, precisa investigar os nomes que compõem os quadros militares que surgem durante as investigações.
“Eu entendo que, quando os comandantes das Forças Armadas autorizaram que membros da ativa do serviço militar assumissem funções civis sabiam que eles teriam de estar submetidos a todos os controles que todos os civis se submetem a assumirem funções públicas”, destacou o senador Humberto Costa (PT-PE). “Lamentavelmente, tem surgido muitas pessoas que sendo integrante das Forças Armadas se fizeram ocupantes de cargos civis e não podemos dar um tratamento diferenciado. Tem que ser dado o mesmo tratamento para que cometeu qualquer mau feito. E nós não vamos nos submeter a qualquer intimidação, venha de onde vier”, emendou o senador.
O senador Renan Calheiros afirmou que a convocação do general Braga Netto é “fundamental” para fazer avançar os trabalhos do colegiado.