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Foto: Alessandro Dantas
A diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, se negou nesta terça-feira (13) a responder as perguntas na CPI da Covid, inclusive o compromisso de dizer a verdade. Emanuela também se recusou a responder qual era a sua relação com a empresa Precisa Medicamentos. Questionada três vezes pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), ela repetiu que ficaria em silêncio.
Diante da posição da depoente, o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, suspendeu a sessão e informou que a comissão entraria com embargos de declaração junto ao STF para entender os limites do habeas corpus obtido por Emanuela.
A defesa de Emanuela Medrades obteve o direito de a depoente permanecer em silêncio nas perguntas que pudessem incriminá-la.
Logo após o plenário, a CPI retomou o depoimento de Emanuela Medrades. Enfim, a depoente respondeu qual era a sua relação com a Precisa Medicamentos. Na sequência, ela voltou a silenciar alegando estar “exausta”.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) questionou o motivo do silêncio da depoente, se ela tinha medo de se incriminar ou realmente o motivo era a exaustão. E Emanuela voltou a afirmar que queria colaborar com a CPI, mas estava exausta. Ela se comprometeu com o senador Omar Aziz a comparecer novamente ao colegiado nesta quarta-feira (14), às 9 horas, para prestar seu depoimento. No mesmo dia também deve depor o chefe de Emanuela, Francisco Maximiano, sócio-administradir da Precisa Medicamentos.
A Precisa Medicamentos foi a responsável por intermediar a aquisição de doses da vacina indiana Covaxin entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica Bharat Biotech. O contrato, de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses, é alvo de investigações do Ministério Público Federal, do Tribunal de Contas da União e da Polícia Federal.
Convocação do general Braga Netto
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) pediu a quebra de sigilos do ministro da Defesa, general Braga Netto, durante o período em que ele esteve à frente da Casa Civil. Na avaliação do senador, a tentativa de Braga Netto proteger o sigilo de seus atos durante o período em que ocupou a Casa Civil pode ser a razão da tentativa de intimidação da nota divulgada por ele, na semana passada, contra a CPI.
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“Isso pode ser a base da tentativa de intimidar essa comissão para que não solicite, por exemplo, a comunicação interna dele com os demais ministros da Espanada [dos Ministérios] para que a gente possa avaliar como ele se conduziu no combate à Covid-19”, disse. “Precisamos requerer todas as comunicações do período em que o ministro Braga Netto foi chefe da Casa Civil com o Ministério da Saúde. No dia em que está Casa e qualquer parlamentar se acovardar, a gente começa a desmoronar a nossa frágil democracia”, completou.
Para Rogério Carvalho, o general teria participado de negociações suspeitas junto ao Ministério da Saúde para compra de vacinas contra a Covid-19.
O senador Humberto Costa enfatizou que, na CPI, não estão em julgamento as instituições que compõem as Forças Armadas do Brasil. Mas, o colegiado, precisa investigar os nomes que compõem os quadros militares que surgem durante as investigações.
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“Eu entendo que, quando os comandantes das Forças Armadas autorizaram que membros da ativa do serviço militar assumissem funções civis sabiam que eles teriam de estar submetidos a todos os controles que todos os civis se submetem a assumirem funções públicas”, destacou o senador Humberto Costa (PT-PE). “Lamentavelmente, tem surgido muitas pessoas que sendo integrante das Forças Armadas se fizeram ocupantes de cargos civis e não podemos dar um tratamento diferenciado. Tem que ser dado o mesmo tratamento para que cometeu qualquer mau feito. E nós não vamos nos submeter a qualquer intimidação, venha de onde vier”, emendou o senador.
O senador Renan Calheiros afirmou que a convocação do general Braga Netto é “fundamental” para fazer avançar os trabalhos do colegiado.