Fátima: infelizmente, foi aprovada a autorização para um golpe, travestido de um processo de impeachmentA senadora Fátima Bezerra (PT-PR) expressou, nesta segunda-feira (18), em plenário, seu sentimento de tristeza e indignação com o que aconteceu no dia de ontem no plenário da Câmara dos Deputados. “Infelizmente, foi aprovada a autorização para um golpe – porque é disso que se trata –, travestido de um processo de impeachment”, resumiu.
“A nossa tristeza, a nossa indignação é porque, seguramente, todos aqueles que têm compromisso verdadeiro com a luta em defesa da democracia amanheceram hoje de luto por constatarem as agressões sofridas ontem ao Estado Democrático de Direito”, disse.
A senadora destacou que não só grande parcela da população brasileira está indignada com o que aconteceu ontem, como o mundo também está estarrecido. Ela utilizou como exemplo a reportagem da revista alemã Der Spiegel “de perfil conservador”, cuja matéria se chamava “A insurreição dos hipócritas”.
Na matéria, relata a senadora, o repórter Jens Glüsing explica que, ontem, o Congresso brasileiro mostrou sua verdadeira cara e usou de meios constitucionalmente questionáveis para aprovar a instauração do processo que colocou “o avariado navio Brasil em uma robusta rota de direita”.
“É inadmissível que nossa Constituição esteja sendo rasgada dessa maneira, porque não podemos, de maneira nenhuma, considerar legítimo um processo de impeachment em que uma presidenta colocada legitimamente no poder por 54 milhões de brasileiros, que não cometeu crime de responsabilidade nenhum, tenha sido julgada ontem de forma impiedosa por parlamentares, estes sim, em grande número, respondendo a acusações dos mais diversos crimes”, enfatizou.
A senadora ainda disse que os cidadãos e políticos que prezam pelo respeito a regra democrática não podem admitir que a soberania popular seja usurpada em um processo presidido por um réu que responde a uma folha corrida de processos no Supremo Tribunal Federal por crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção. “Aliás, é essa mesma corrupção que exatamente os que defendem o golpe dizem que querem acabar”, disse.
“Não podemos admitir que um conspirador, um traidor possa sentar-se na cadeira presidencial porque não recebeu um voto sequer para ser presidente da República. Não podemos permitir que caia de paraquedas na cadeira presidencial por uma trama armada pela oposição conservadora, que perdeu as eleições em 2014 e, inconformada com a derrota, continua insistindo na tese do terceiro turno, contando, claro, com o incentivo e o conluio da mídia oligárquica brasileira”, emendou.
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