É na frente da Fiesp o quartel general do ódio e da intolerância, diz Viana

É na frente da Fiesp o quartel general do ódio e da intolerância, diz Viana

Jorge Viana: “Vai estar escrito na história que o prédio da Fiesp, com o seu presidente Paulo Skaf, é que sedia o quartel-general dessa narrativa que é exatamente igual a todos os golpes praticados aqui neste País e nos países vizinhos”Depois de mediar uma série de discursos no plenário do Senado nesta quinta-feira (17), por mais de três horas, o primeiro vice-presidente da Casa, senador Jorge Viana (PT-AC), afirmou que o momento político é gravíssimo e leva todos a fazer a seguinte indagação: por que chegar a esse ponto?

Viana lembrou que não foi fácil conquistar a democracia no Brasil – ela é nova – até porque temos a quarta pessoa a presidir o País. Tivemos Collor, depois Fernando Henrique, Lula e Dilma. Lula, lembrou Viana, foi o presidente da inclusão não apenas dos pobres e excluídos, porque a verdade, disse, é que muitos industriais e os grandes empresários viram os cifrões de suas contas se multiplicarem. O que se vê agora, neste momento, segundo Viana, é que muitos estão cuspindo no prato que comeram e fazem um movimento.

“É lá na frente da Fiesp o quartel general do ódio e da intolerância contra o governo da presidenta Dilma e contra o presidente Lula”, afirmou.

Jorge Viana ainda questionou: “Será que é só uma simbologia? Porque vai estar escrito na história que o prédio da Fiesp, com seu presidente Paulo Skaf, é o que sedia o quartel-general desse enredo, dessa narrativa que é exatamente igual a todos os golpes praticados neste País e nos países vizinhos”.

“Nós queremos que a Justiça seja feita. Só que nós queremos isso dentro da Constituição, do que estabelecem as leis. Mas quando a arbitrariedade vem daqueles que deveriam guardar a Constituição e as leis, nós estamos correndo um risco sério”

O primeiro vice-presidente disse que o Senado, o Congresso Nacional, foi arquitetado por Niemeyer e Lúcio Costa para que o prédio de duas torres, na Praça dos Três Poderes, ficasse mais à frente e mais ao alto não por acaso. “A Constituição dá-nos salvaguardas para a palavra, para exercer o mandato. Mas temos visto, nos últimos meses, a Constituição ser rasgada”.

Para Jorge Viana, o exemplo disso foi a condução coercitiva de Lula sem que tivesse, antes, um aviso com data, hora e local para prestar esclarecimentos. A Polícia Federal chegou à sua casa e de lá foi conduzido para o Aeroporto de Congonhas, onde se podia ver, do alto, um avião da Polícia Federal que poderia levá-lo. “O Avião com a porta aberta, filmado ao vivo, e o presidente tendo que responder aquilo que ele já tinha respondido quatro vezes no Ministério Público aqui de Brasília”.

Hoje, para evitar a posse de Lula na Casa Civil, um juiz dá sua manifestação para suspender a posse, só que esse mesmo juiz, nas mídias sociais, é militante da queda de Dilma. “Ele postou: vais todo mundo voltar a viajar para Miami e Orlando se a Dilma cair”, disse Jorge Viana, acrescentando outros disparates, como o grampo colocado contra até um advogado de Lula. “Não é possível, não há Estado de Direito. Fico abismado de ver o silêncio e até a dúvida da OAB”, desabafou.

O senador petista foi claro ao dizer que não quer que a OAB tome partido do PT, do PSDB. Só quer que a Ordem não abra mão de ter o partido da Constituição da República Federativa do Brasil como o seu guia, porque entende que está se tentando implantar no País uma verdadeira carnificina.

Para Jorge Viana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio, tem sido uma voz que lhe inspira e recordou que no dia da condução coercitiva de Lula o ministro classificou a ação “de coisa medieval”. “Foi inspirado em Marco Aurélio, ministro do Supremo, que tomei a liberdade de ligar para o advogado do presidente Lula e dizer: tem que haver uma reação à altura. Será que cometi algum crime por dar uma sugestão? Penso que não, muito menos contra o juiz Moro. Acho que o juiz Moro traz uma esperança para nós, é verdade. Nós queremos que a Justiça seja feita. Só que nós queremos isso dentro da Constituição, do que estabelecem as leis”, enfatizou.

Na avaliação de Jorge Viana, neste momento gravíssimo, em que há risco de ruptura do Estado Democrático de Direito, em que há risco de enfrentamento nas ruas de brasileiros contra brasileiros, o melhor é seguir e respeitar a Constituição, não rasgá-la, usando os argumentos mais absurdos. “Quando o arbítrio vem daí, lembro outra frase de Marco Aurélio: a pior ditadura é a do Judiciário”.

Jorge Viana fez essas declarações em aparte à senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM).

Marcello Antunes

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