Desgoverno Bolsonaro

Educação: cai o desastrado, entra um gerente de banco

Bolsonaro confirmou nesta segunda-feira a demissão de Vélez Rodriguez e a nomeação do ex-dirigente do Banco Votorantim Abraham Weintraub para o Ministério da Educação
Educação: cai o desastrado, entra um gerente de banco

Foto: Alessandro Dantas

Após 98 dias de pandemônio, caiu o segundo ministro de Jair Bolsonaro. Ricardo Vélez Rodriguez, da Educação, teve a demissão confirmada pelo presidente da República por meio de sua conta no Twitter, no final da manhã desta segunda-feira (8).

Celebrizado pela verdadeira metralhadora de asneiras que pilotou durante sua breve gestão, Vélez será substituído por outro professor que também não tem qualquer experiência na Educação ou mesmo na administração pública, o executivo do mercado financeiro Abraham Weintraub.

“Você tem ideia do que querem fazer com o Ministério da Educação quando o presidente da República nomeia um gerente de banco para o cargo de ministro”, avalia o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

[blockquote align=”none” author=”Senador Rogério Carvalho”]Onde vamos parar?[/blockquote]

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), vice-líder da bancada, também ressaltou a completa inexperiência de Weintraub em gestão de políticas públicas voltadas para a Educação e mostrou-se preocupado que na substituição de Vélez, “que assustou o país com tantas lambanças”, Bolsonaro tenha optado por um ministro cuja credencial seja apenas o empenho de “vencer o marxismo cultural nas Universidade”.

“Onde vamos parar?”, cobra o senador Rogério.

Apresentado por Bolsonaro como “doutor” — embora tenha apenas o mestrado — Abraham  Weintraub é economista com cerca de 20 anos de carreira no mercado financeiro. Trabalhou no Banco Votorantin e, recentemente, abriu uma consultoria na área de previdência.

Desde 2014, é professor da Universidade Federal do Estado de São Paulo. Até esta manhã desta segunda-feira, ocupava o posto de secretário-executivo da Casa Civil, sob a batuta de Onyx Lorenzoni.

Mas talvez a parte do currículo de Weintraub que tenha enchido os olhos de Bolsonaro seja sua franca militância nas hostes do astrólogo Olavo de Carvalho, guru político do atual governo. O novo ministro é participante assíduo de fóruns de extrema-direita.

Vai-se um desastrado
Com a demissão do olavete anterior—sim, Vélez Rodríguez também é seguidor do receituário do astrólogo — ficou órfã a intensa saraivada de desastres promovidos pelo então titular da pasta da Educação, embora sem garantias de que tenha sido encerrada.

Em seus 98 dias à frente do Ministério da Educação, Vélez garantiu seu lugar nos anais do governo Bolsonaro ao prometer “mudar os livros didáticos para revisar a maneira como tratam a ditadura militar e o golpe de 1964”, pedir que alunos do ensino médio e fundamental fossem filmados cantando o Hino Nacional e declamando o slogan de Bolsonaro (“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”), classificando os brasileiros como “canibais que roubam até os assentos dos aviões quando viajam” e garantindo que “Universidade não é para todos”.

Além disso, a gestão de Vélez abusou das idas e vindas. Muitas decisões não alcançavam 48 horas de sobrevida — vide a gravação das crianças cantando o hino nacional — e onde pelo menos 14 nomeações para postos estratégicos foram alteradas em cerca de três meses.

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