João Paulo Lacerda - CNI

Melhora é sustentada pelo crescimento significativo do emprego formal e informal, e pela ampliação da conciliação entre estudo e trabalho
O Boletim Emprego em Pauta nº 31, divulgado pelo Dieese em outubro de 2025, mostra um cenário amplamente positivo para o emprego entre jovens brasileiros. No segundo trimestre deste ano, apenas 17,9% dos jovens de 14 a 29 anos, o equivalente a 8,9 milhões de pessoas, estavam sem trabalhar e sem estudar. É o menor índice em dez anos, refletindo a expansão da atividade econômica e o fortalecimento de políticas públicas voltadas à geração de oportunidades com o governo Lula.
A melhora é sustentada pelo crescimento significativo do emprego formal e informal e pela ampliação da conciliação entre estudo e trabalho.
De acordo com o estudo, a taxa de desocupação juvenil caiu a 10,2%, o menor patamar desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua/IBGE), marcando uma queda de mais de 14 pontos percentuais desde o pico de 2020 (24,4%).
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A nova face do “nem-nem”
O levantamento também desconstrói o estigma dos chamados “nem-nem”, jovens que não estudam nem trabalham. Segundo o Dieese, o termo não reflete adequadamente a realidade brasileira. O mais correto seria “sem-sem”, pois 60% dos jovens nessa condição estavam envolvidos em outras atividades: 42% das mulheres cuidavam de afazeres domésticos, 34% dos homens procuravam emprego e 8% faziam cursos fora da educação regular. Apenas 2% declararam não querer trabalhar.
O estudo ressalta que essa é, em geral, uma fase transitória, mais ligada às condições do mercado e à desigualdade social do que à falta de interesse. Jovens de famílias com menor renda enfrentam mais obstáculos na transição entre escola e trabalho, enquanto aqueles de lares com melhores condições têm mais chances de continuar estudando após o ensino médio.
Desemprego segue em mínima histórica
Aquecimento econômico impulsiona geração de empregos
O Dieese atribui a melhora à retomada do crescimento econômico e à dinamização do mercado de trabalho. Entre o segundo trimestre de 2020 e o mesmo período de 2025, o número de jovens sem estudar e sem trabalhar caiu 5%, enquanto o contingente de jovens ocupados cresceu significativamente, 32% entre os informais, 25% entre os formais e 30% entre os que conciliam estudo e trabalho.
Essa evolução reflete os efeitos das políticas de reindustrialização, ampliação de crédito e investimento público promovidas pelo governo Lula, que têm favorecido a absorção de mão de obra jovem em diversos setores.
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Desocupação cai, mas desafios persistem
Apesar do avanço, o Dieese observa que as taxas de desocupação ainda são mais elevadas no início da vida profissional. Entre os jovens de 18 anos, o índice chega a 20,2%, caindo gradualmente até 6,2% aos 29 anos. Entre as mulheres negras jovens, a desocupação é de 12,7%, evidenciando desigualdades estruturais que ainda exigem atenção.
No total, 26,8 milhões de jovens estavam empregados no segundo trimestre de 2025. O rendimento médio mensal desse grupo foi de R$ 2.314, valor 38% inferior ao dos trabalhadores com 30 anos ou mais (R$ 3.740). Quase metade (43%) recebia até um salário mínimo, o que indica a permanência de empregos de baixa remuneração e qualificação.
Perfil do trabalho jovem
Entre os jovens ocupados, 47% possuíam carteira assinada, enquanto 22% atuavam sem registro. A taxa de informalidade era de 39,5%, ligeiramente acima da dos trabalhadores mais velhos (37,3%). A maioria (69%) trabalhava no setor privado, e 41% cumpriam jornadas superiores a 40 horas semanais, o que limita a possibilidade de conciliar emprego e estudo.
As ocupações mais comuns entre os jovens eram de vendedores de loja, escriturários, trabalhadores da construção civil, caixas e recepcionistas, funções que, em geral, não exigem formação técnica ou superior.
Para o Dieese, o atual cenário demonstra que a juventude brasileira está mais engajada e que as oportunidades aumentam na medida em que a economia se expande. O governo Lula mantém firme o propósito da geração de empregos, da valorização dos salários e da criação de políticas de inserção produtiva para jovens, em articulação com programas de formação e estímulo à permanência na escola.