O senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) afirmou que o procurador Geral da República, Roberto Gurgel, cometeu crime de improbidade administrativa ao não tomar qualquer decisão sobre o inquérito das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, em 2009 e 2011, respectivamente. “Em relação à improbidade administrativa, é evidente: deixar de praticar ato de ofício. Então, creio que, mais dia, menos dia, o Procurador vai ter que responder por isso”, concluiu o senador, concordando com seu inquisidor, o ex-presidente da República e atual senador, Fernando Collor (PTB-AL).
Segundo explicou Demóstenes, que é promotor, Gurgel teria três opções, seguindo o processo penal que é regido pelo princípio da obrigatoriedade: “ou ele pede o arquivamento, ou oferece a denúncia, ou requer diligências. Ou pode entrar com pedido ou pode monitorar o que se chama de ação retardada”, o que seria retardar a ação até determinado ponto para que o Ministério Público possa atuar. “O que fez o Procurador-Geral da República foi uma inação e não existe inação controlada. Eu creio que o Procurador-Geral, mais dia menos dia, vai ter de explicar por que fez dessa forma, até porque evidentemente a ação foi totalmente desarrazoada e não tem amparo jurídico”, definiu Demóstenes.
Apesar do consenso entre os dois em relação a Gurgel, Collor e Demóstenes discordaram quanto ao que o procurador-geral deveria ter feito. Para Collor, o correto seria ter aberto investigação contra Demóstenes; para Demóstenes, o caso era para arquivamento.
Fernando Collor ainda perguntou se o senador goiano teria conhecimento de que os procuradores Lea de Oliveira e Daniel Rezende entregaram o inquérito que estava sob segredo de Justiça aos repórteres Gustavo Almeida e Rodrigo Rangel, da revista Veja, Demóstenes disse apenas que tomou conhecimento e que outras pessoas tiveram acesso aos autos protegidos. E acrescentou que sabia que Carlinhos Cachoeira era fonte de Policarpo Junior , editor chefe da revista semanal. “O que eu sei é que o Cachoeira era fonte de Policarpo”, acrescentou. “Agora a ética em relação a isso tem que ser verificada”.
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