#JurosBaixosJá

Em semana de decisão, economia real pressiona por juros baixos para destravar o país

De trabalhadores a industriais, categorias mostram rara união e exigem do Banco Central forte queda da taxa Selic na reunião do Copom que começa nesta terça (1º/8)
Em semana de decisão, economia real pressiona por juros baixos para destravar o país

Foto: Divulgação

Deflação, mais empregos, dólar em queda, Bolsa em alta, alimentos e combustíveis mais baratos, confiança interna e externa subindo. A cada boa notícia, aumenta a pressão para que o Banco Central (BC) reduza a maior taxa de juro real do mundo para desamarrar a economia do país na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorre terça e quarta-feira (1º e 2/8).

Ao mesmo tempo, crescem os movimentos em todo o Brasil pelo corte da taxa básica de juros (Selic), que está em 13,75% ano, e pelo afastamento do presidente bolsonarista do BC, Roberto Campos Neto. Primeiro dirigente do banco com mandato definido, ele só pode ser destituído por maioria absoluta do Senado, a pedido do Conselho Monetário Nacional. Outro caminho seria a renúncia ao cargo, o que ele mesmo já negou.

“O momento é de inflação em baixa, emprego começando a retornar, o ambiente é positivo. As pessoas estão gostando do que estão vendo, estão acreditando. A chamada carestia diminuiu muito. Tem muito investidor estrangeiro que espera essa segurança jurídica para investir”, afirmou o líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

Um dos sinais mais preocupantes causados pelos juros altos foi a queda de 2% do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) em maio, em relação a abril. O dado é do próprio Banco Central e levou a presidenta do presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), a pedir a renúncia de Campos Neto. Ela defende queda de 2 pontos percentuais na Selic para que os efeitos na economia sejam mais rápidos.

O líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (PT-ES), criticou na semana passada a intenção do presidente do BC de terceirizar a administração das reservas cambiais do país – U$ 380 bilhões acumulados pelos governos Lula e Dilma, sem os quais os efeitos econômicos da pandemia e da guerra Rússia-Ucrânia teriam sido ainda piores.

“Campos Neto deveria estar mais preocupado em reduzir a taxa de juros do Brasil do que terceirizar as reservas internacionais do Banco Central. Se não tem capacidade para gerir recursos fundamentais para a credibilidade do país no exterior, entregue o cargo. Vale lembrar que é função típica do Estado administrar as reservas cambiais do país, na forma do art. 21, VIII, da Constituição. Diante disso tudo, volto a questionar o que venho perguntando há meses: qual o real interesse de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central?”, questionou Contarato.

Além de autoridades do governo, a começar do presidente Lula, e movimentos sociais, como as centrais sindicais, defendem a redução da Selic também economistas das mais variadas tendências e entidades representantes de grandes empresários, como CNI (Confederação Nacional da Indústria) e Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Mutirão nas redes

No último fim de semana, os Comitês Populares de Luta promoveram o Mutirão Contra os Juros, com ações organizadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e por outras centrais, como Força Sindical, CTB, UGT, CSB, NCST, CSP Conlutas, Intersindical e A Pública, mais a participação de outras entidades sindicais, como a Contraf-CUT, além de movimentos populares. As redes foram invadidas pelas hashtags #JurosBaixosJá e #TireOsJurosDoMeuBolso. A mobilização deve continuar nesta semana.

Nesta segunda-feira, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), coordenador da Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos, defendeu uma redução acentuada da taxa, durante seminário realizado pela bancada do PT na Câmara. “Não dá para reduzir apenas 0,25% ou mesmo 0,5%. Nós queremos uma redução acelerada dos juros, uma vez que saímos de uma inflação de mais de 10% ao ano, para 3,16% nos últimos 12 meses. Nós estamos com taxa de juros reais acima de 10% no Brasil, o que é absolutamente inaceitável”, diz o parlamentar.

Lindbergh e Gleisi iniciaram ainda a campanha #ForaCamposNeto, que conta com um abaixo-assinado com quase 60 mil assinaturas. “Campos Neto faz uma política negacionista e de sabotagem. Lula tem feito todos os esforços para colocar o Brasil de pé, com redução da inflação, crescimento do PIB, investimentos, e Campos Neto, por outro lado, joga contra o país, para asfixiar e travar nossa economia”, critica.

BC sabotador

O PT nacional produziu uma minissérie para explicar de que forma a taxa de juros extorsiva prejudica a economia do país e atinge em cheio o bolso da população brasileira. Intitulada “Banco Central de Bolsonaro: sabotador da economia brasileira”, a produção é dividida em 7 episódios: cartão de crédito, preço do aluguel, endividamento das famílias, inibição dos investimentos, redução de empregos, dívida pública e assalto ao país.

SAIBA MAIS: Assista a série “Banco Central de Bolsonaro, sabotador da economia brasileira”

To top