Em sessão fechada de CPI no Senado, envolvida em esquema no Carf depõe

Em sessão fechada de CPI no Senado, envolvida em esquema no Carf depõe

Senadores conseguiram poucas respostas de ex-conselheiros do CarfUma das oitivas da CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) no Senado, que investiga irregularidades no órgão, ocorreu em caráter reservado, nesta terça-feira (30). A sessão fechada foi com Gegliane Maria Bessa Pinto, ex-funcionária do escritório de advocacia J. R. Silva Advogados, uma das empresas envolvidas em esquema de corrupção no Carf.

Outros ouvidos nesta terça-feira foram os ex-conselheiros do órgão Adriana Oliveira e Ribeiro, uma das sócias da J. R. Silva Advogados, e Jorge Victor Rodrigues, acusado de intermediário no pagamento de propina de empresas a conselheiros do órgão.

O depoimento de Gegliane, que atualmente mora no exterior e está no Brasil para ajudar nas investigações, é considerado fundamental para averiguar as denúncias contra a família que controla a J. R. Silva Advogados. Além de Adriana, outros sócios do escritório são os irmãos José Ricardo Silva e Eivanice Silva – ambos ex-conselheiros do Carf e filhos do ex-secretário-adjunto da Receita Federal Eivany Silva. Todos estão sendo investigados pela Operação Zelotes, da Polícia Federal (PF), que deu origem aos trabalhos da CPI.

De acordo com a PF, Eivany e os filhos são integrantes de uma organização criminosa que movimentou R$ 1,2 bilhão. O valor teria passado por empresas de fachada, criadas para disfarçar negociações com pessoas físicas e jurídicas que receberam multas milionárias da Receita Federal.

Sem respostas

Os ex-conselheiros Adriana Oliveira e Ribeiro e Jorge Victor Rodrigues, dispondo de liminar do Supremo Tribunal Federal que garantia o direito de permanecer em silêncio, não responderam a maioria das perguntas dos integrantes da comissão.

A argumentação dos ex-integrantes do Carf é que eles não tiveram acesso ao processo da PF e, por isso, não poderiam se pronunciar sobre o envolvimento nas denúncias.

Os parlamentares ainda tentaram convencer Adriana a responder a parte dos questionamentos, mas sem sucesso. “Respeito o direito do qual a senhora está se valendo [de permanecer em silêncio]. Mas a gente tem a oportunidade, inclusive nesta CPI, de passar o País a limpo um setor que há séculos vem extorquindo do povo brasileiro”, disse o vice-presidente da comissão, senador Donizeti Nogueira (PT-TO), se referindo aos grandes sonegadores fiscais.

Apesar de também evitar boa parte das indagações na oitiva, Jorge Victor chegou a defender o ex-presidente do conselho, Otacílio Cartaxo, considerado pela PF como participante do esquema de venda de decisões favoráveis a grandes empresas. Jorge ainda afirmou não ter participado de qualquer julgamento dos casos analisados pela CPI.

No final da oitiva, o advogado de Jorge cochichou insistentemente para o cliente “permanecer calado”, após uma série de perguntas da relatora da comissão, Vanessa Graziottin (PCdoB-AM).

Carlos Mota

 

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