Mais próximos da população, primeira referência nas demandas e cobranças pela prestação de serviços públicos, os prefeitos e prefeitas têm responsabilidades que vão muito além das tarefas administrativas. “Um prefeito não é só um gestor. Sobre nós também pesa a responsabilidade de apontar para os cidadãos e cidadãs as diferenças entre os projetos políticos, mostrar que há diversas concepções de governo, e como cada uma reflete na vida das pessoas”, avalia José Pivatto (PT), um veterano exercendo seu quarto mandato na Prefeitura de Cosmópolis (SP).
Em um quadro de recessão econômica, de desqualificação da política e de descrença nas instituições, o trabalho de um prefeito comprometido com os interesses da maioria é ainda mais árduo. Assim como Pivatto, o gaúcho Ary Vanazzi (foto) tem larga experiência na implementação do Modo Petista de Governar, um conjunto de métodos e políticas públicas que vem sendo formatado pelo partido desde suas primeiras gestões à frente de cidades brasileiras, ainda nos anos 80. Vanazzi está em seu terceiro mandato na Prefeitura de São Leopoldo (RS).
Os dois veteranos retornaram às prefeituras de suas cidades enfrentando uma conjuntura extremamente adversa, como foi a das eleições de 2016. Ambos derrotaram os candidatos apoiados pelas administrações locais. “Não foi fácil. Mas aprendi que para ganhar a eleição a gente não pode ter medo de mostrar que tem lado. Não é obra que ganha a eleição. O que me deu a vitória foi afirmar claramente como e para quem eu iria governar prioritariamente”, lembra Vanazzi.
Com a experiência de quem já viveu a vitória e a derrota nas disputas, Pivatto e Vanazzi ressaltam a importância do fazer política, em vez de se render ao discurso vazio da “neutralidade” do “gestor”. É preciso debater, dialogar, apontar para a população que não existe uma única maneira de governar e que as prioridades se definem a partir de projetos políticos.
Encontro em Brasília
Essa responsabilidade de administrar e fazer política é atualmente exercida por 256 prefeitos e prefeitas do Partido dos Trabalhadores. Uma parcela deles está reunida em Brasília em um encontro que visa a aprofundar sua capacitação para encarar os grandes desafios da atual conjuntura de crise econômica e política e de descrença crescente nas instituições.
O Encontro de Prefeitos, Prefeitas e vices do PT foi aberto nesta segunda-feira (2) e prossegue até amanhã, organizado pela Secretaria Nacional de Assuntos Institucionais do partido, pela Escola Nacional de Formação Política do Partido dos Trabalhadores (ENFPT) e pelas Lideranças da Câmara e do Senado, com apoio da Fundação Perseu Abramo.
Nesta terça-feira, às 9 horas, o Encontro receberá a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, e lideranças das bancadas do PT no Senado e na Câmara, para um grande debate sobre o papel do poder local e as dificuldades de implementação das demandas da população face ao ajuste fiscal pós-golpe.
Mostrar as diferenças
Com a eleição de José Pivatto em 2016, Cosmópolis escolheu sua sexta administração petista, uma relação de confiança iniciada ainda nos começo dos anos 90. A cidade tem 70 mil habitantes e está a 115 km da capital. Eleito com 37% dos votos, Pivatto já registra 55% de aprovação popular e 74% dos eleitores já reconhecem a administração petista como a mais preparada para responder às demandas do município.
Para o prefeito, isso é resultado de ações concretas, mas também do debate político, de mostrando o que pode e o que não pode ser feito —e os motivos das impossibilidades—além de apontar alternativas.
Para Ary Vanazzi, de São Leopoldo, não se pode ter medo de trabalhar de acordo com o programa que elegeu o prefeito. “Muitas das dificuldades enfrentadas hoje pelo PT se devem ao abandono de alguns postulados essenciais. Quando nós paramos de aprofundar as mudanças, quando nos adequamos ao sistema vigente, começamos a perder terreno”. Ele defende a retomada e o aprofundamento dos instrumentos de participação popular, como os concelhos e conferências, a elaboração dos orçamentos participativo . “Não podemos ter medo da política. Pelo contrário. Quanto mais a gente afirma que está do lado do povo, mais o povo confia em nós”.