O senador Paulo Rocha (PT-PA) classificou como “ignorante, preconceituosa e totalitarista” a espionagem patrocinada pelo governo Bolsonaro, por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a Igreja Católica.
“É estranho e absurdo o governo tentar controlar as atividades e a ideologia de uma religião e de seus líderes e dirigentes. Mostra um imenso autoritarismo e intolerância aos que adotam ideias e opiniões diversas daquelas do atual governo”, criticou o senador.
De acordo com reportagem veiculada no último domingo (10) pelo O Estado de S. Paulo, o Palácio do Planalto tem recebido alertas da Abin e de comandos militares acerca de encontros de cardeais brasileiros com o Papa Francisco para debater a realização do Sínodo sobre a Amazônia que discutirá, durante 23 dias, em Roma, a situação da Amazônia. O evento será realizado em outubro deste ano.
Segundo a reportagem, o general Augusto Heleno, responsável pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), tem demonstrado preocupação com a “agenda de esquerda” que fará parte do evento, como a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. “Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o general.
Os escritórios da Abin em Manaus (AM), Belém e Marabá (PA), além de Boa Vista (RR), responsável pelo monitoramento de estrangeiros em Raposa Terra do Sol e terras ianomâmi, serão direcionados para monitorar, em paróquias e dioceses, as reuniões preparatórias para o Sínodo.
O governo ainda pediu autorização para participar do Sínodo, mas lideranças católicas dizem que governos não costumam participar dessas conferências, que terão a participação do Papa Francisco
“Nunca vi membro de governo de qualquer país convidado. O que um representante do governo vai dizer quando estivermos tratando de novos caminhos de evangelização? ”, questiona dom Erwin Kräutler, bispo emérito do Xingu (PA).
Leia mais: