Bispos na mira

Espionagem mostra autoritarismo do governo, diz Paulo Rocha

Senador criticou medida absurda tomada pelo governo na tentativa de controlar as atividades de líderes religiosos
Espionagem mostra autoritarismo do governo, diz Paulo Rocha

Foto: Alessandro Dantas

O senador Paulo Rocha (PT-PA) classificou como “ignorante, preconceituosa e totalitarista” a espionagem patrocinada pelo governo Bolsonaro, por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a Igreja Católica.

“É estranho e absurdo o governo tentar controlar as atividades e a ideologia de uma religião e de seus líderes e dirigentes. Mostra um imenso autoritarismo e intolerância aos que adotam ideias e opiniões diversas daquelas do atual governo”, criticou o senador.

De acordo com reportagem veiculada no último domingo (10) pelo O Estado de S. Paulo, o Palácio do Planalto tem recebido alertas da Abin e de comandos militares acerca de encontros de cardeais brasileiros com o Papa Francisco para debater a realização do Sínodo sobre a Amazônia que discutirá, durante 23 dias, em Roma, a situação da Amazônia. O evento será realizado em outubro deste ano.

Segundo a reportagem, o general Augusto Heleno, responsável pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), tem demonstrado preocupação com a “agenda de esquerda” que fará parte do evento, como a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. “Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o general.

Os escritórios da Abin em Manaus (AM), Belém e Marabá (PA), além de Boa Vista (RR), responsável pelo monitoramento de estrangeiros em Raposa Terra do Sol e terras ianomâmi, serão direcionados para monitorar, em paróquias e dioceses, as reuniões preparatórias para o Sínodo.

O governo ainda pediu autorização para participar do Sínodo, mas lideranças católicas dizem que governos não costumam participar dessas conferências, que terão a participação do Papa Francisco

“Nunca vi membro de governo de qualquer país convidado. O que um representante do governo vai dizer quando estivermos tratando de novos caminhos de evangelização? ”, questiona dom Erwin Kräutler, bispo emérito do Xingu (PA).

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