O ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou nesta segunda-feira (26), véspera do início dos trabalhos da CPI da Covid, que “estamos diante de dias históricos e logo saberemos quais serão as consequências”. Para o ex-ministro, as ações negacionistas do governo Bolsonaro não só atrapalharam as medidas de distanciamento social e combate ao vírus por parte de estados e municípios, como resultaram concretamente na morte de milhares de brasileiros.
“A ação do governo foi feita no sentido de expor a população ao vírus e prejudicou, sobremaneira, a atuação dos governadores e prefeitos. A ausência de campanhas informativas, a ilusão da existência de um kit de medicamentos são exemplos de ações que podem ter atrapalhado os entes subnacionais no combate à pandemia”, afirmou.
Na avaliação de Chioro, os debates em torno dos eixos a serem trabalhados na CPI tem evoluído nas últimas semanas e a construção coletiva com especialistas no tema tem sido fundamental para embasar a atuação da bancada do PT no Senado nas investigações.
“O trabalho tem evoluído bastante. O senador Humberto [Costa] tem participado de praticamente todas as reuniões e se apropriado da construção coletiva que estamos fazendo. E isso tem se refletido nas entrevistas e na narrativa que estamos seguindo”, disse.
Chioro explicou que existe um consenso em torno da atuação de Bolsonaro de que houve, por parte do governo, a adoção da estratégia de alcance da imunidade de rebanho com a inconsequente exposição da população aos vírus. E essa conduta do governo levou o Brasil a um genocídio e a uma crise econômica e social sem precedentes. Se não fosse essa atitude do atual governo diante da pandemia, muitas das quase 400 mil vidas perdidas para a Covid-19 no País poderiam ter sido salvas.
Início da CPI
A CPI da Covid terá sua primeira reunião amanhã (27), com início previsto para às 10 horas. A convocação foi feita pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), membro titular mais idoso da comissão. Alencar será o responsável por conduzir a reunião na qual serão eleitos o presidente e o vice-presidente da CPI. O presidente nomeará o relator.
Os senadores Humberto Costa (PE) e Rogério Carvalho (SE) serão os representantes do PT no colegiado como titular e suplente, respectivamente.
A reunião de abertura da CPI será semipresencial. Uma vez escolhidos o presidente e o vice, a CPI vai definir as próprias regras de funcionamento.