Ex-usuários debatem saída para dependência química

Um dos grandes gargalos para o combate às drogas no Brasil é a falta de verbas para as clínicas de recuperação, principalmente as comunidades terapêuticas. Essa foi a conclusão a que chegou a Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras Drogas, presidida pelo senador Wellington Dias (PT). Nesta terça-feira (23/08) foram debatidas formas eficientes de prevenir e se recuperar da dependência química.

A pedido do senador Eduardo Amorim, a comissão deve ir ao Ministério da Saúde solicitar mais flexibilidade na inclusão das comunidades terapêutica no rol de instituições com financiamento público para tratar os dependentes químicos. “Devemos ir ao Ministério da Saúde novamente para tentar encontrar uma solução para esse problema, afinal o maior bem que temos é a vida”, afirmou Wellington Dias.

Para o debate, foram convidados o secretário de Defesa Social do Município de Vila Velha (ES), Ledir da Silva Porto; o prefeito de Cachoeirinha (RS), Luiz Vicente da Cunha Pires; e o deputado estadual do Rio Grande do Sul, Mano Changes. “Nada melhor do que fechar os trabalhos ouvindo quem tem uma experiência a contar como ex-dependentes que hoje trabalham na recuperação de viciados em drogas”, afirmou o senador Wellington.

Segundo Ledir Porto, a droga marginaliza o usuário: “Tive a oportunidade de sair do mundo das drogas e mudar de vida. Recebi a melhor pena que poderia receber da Justiça: ir trabalhar com dependentes químicos”. Ledir, que hoje é secretário municipal, chegou a ser preso por assalto a banco, recuperou-se do vício em uma comunidade terapêutica do Espírito Santo e hoje defende o financiamento público das comunidades terapêuticas.

O prefeito Luiz Vicente também é ex-usuário e hoje desenvolve um trabalho fincado em quatro eixos em sua cidade: repressão, recuperação, prevenção e ressocialização dos usuários. Para ele, o problema da dependência química é igual de norte a sul no Brasil.

“Nossas ações precisam se unificar para que fortalecidas aconteça um enfrentamento real dessa situação”. Em Cachoeirinha, o prefeito consegue manter uma comunidade terapêutica, com recursos municipais, que recebe 30 internos para tratamento por vez. “Nosso trabalho envolve não só o usuário de drogas, mas suporte psicológico para toda a família”, destacou.

Para o deputado estadual Mano Changes, que nunca usou drogas, o mais importante é que as famílias tenham estrutura para educar seus jovens. “Como o crack se espalhou e ninguém fez nada, vai demorar para conseguirmos controlar isso. Já temos 1,5 milhão de usuários em todo o Brasil e a prevenção é a única solução, mas ela só funciona com jovens que tenham uma estrutura familiar”. A senadora Ana Amélia afirmou que o Estado não pode sozinho resolver todos os problemas. “A sociedade precisa assumir sua parcela de responsabilidade”, destacou a senadora gaúcha.

Dias informou que no dia 2 de setembro os integrantes da Subcomissão devem visitar comunidades terapêuticas no Espírito Santo. “Aprovamos requerimento para conhecer as boas experiências no tratamento dos dependentes químicos também no ES. Essa visita, assim como a que fizemos no Mato Grosso, Acre, Rio Grande do Sul e Piauí serão incluídas em nosso relatório”. Ao fim dos trabalhos da Subcomissão será apresentado um relatório que embasará a realização de uma Conferência Nacional para tratar da questão da dependência química no Brasil.

Assessoria de Imprensa do senador Wellington Dias

Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado

To top