Negócio da cloroquina

Farmacêutica bancou propaganda de médicos pró-tratamento precoce

Em fevereiro, Vitamedic pagou anúncios milionários da Associação Médicos pelo Brasil a favor de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19 em jornais de grande circulação. Representantes de entidade integram “gabinete paralelo” de Bolsonaro, desvendado pela CPI da Covid
Farmacêutica bancou propaganda de médicos pró-tratamento precoce

Foto: Site do PT

A promoção da cloroquina e de drogas que compõem o chamado ‘kit covid’, ao invés de vacinas e medidas de prevenção não farmacológicas, é um dos eixos de investigação da CPI da Covid. Apesar do recesso, a cúpula da comissão analisa diversos documentos que podem apontar o envolvimento do alto escalão do governo Bolsonaro em um negócio milionário. Neste final de semana, a CPI revelou que a farmacêutica Vitamedic, que produz ivermectina, bancou, em fevereiro, anúncios da Associação Médicos pelo Brasil defendendo o uso de kit covid para tratar a doença, meses após autoridades de saúde descartarem sua utilização. Os anúncios foram veiculados nos principais jornais do país.

O envolvimento da farmacêutica e da associação apontam para um conflito ético, para dizer o mínimo sobre médicos que atuam como lobistas de empresas. Os dados de pagamento da campanha foram cedidos à CPI após o senador Humberto Costa (PT-PE) ter encaminhado requerimento aos jornais, no fim de junho. Costa queria saber quem estava por trás do “Manifesto pela Vida” e os valores pagos pelos anúncios. De acordo com a Folha de S.Paulo, os anúncios no jornal Zero Hora e no Globo custaram R$ 217.295,05. À Folha, foram pagos  R$ 78.080,62 pela propaganda.

Representantes da entidade integram o gabinete paralelo de Jair Bolsonaro. De acordo com reportagem da Folha, o oftalmologista Antônio Jordão apareceu ao lado do presidente em uma reunião realizada em setembro. Foi ele quem assinou o termo de responsabilidade que garantiu a veiculação dos anúncios.

 

Ainda segundo o jornal, o faturamento da Vitamedic aumentou 1.230% de 2019 para o ano passado. A empresa registrou um salto espetacular nas vendas de ivermectina: foram comercializadas 75,8 milhões de caixas da droga em 2020, ante 5,7 milhões no ano anterior. O remédio é um antiparasitário, indicado para combater piolho, pulga e carrapato.

“O faturamento das empresas que vendem remédios ineficazes contra a Covid-19 ultrapassou R$ 500 milhões”, escreveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede- AP), neste fim de semana, pelo Twitter. “E isso contou com uma estratégia de anúncios e propagandas muito bem remuneradas”, comentou o vice-presidente da CPI.

“Estima-se que a empresa tenha arrecadado R$ 734 milhões só com esse medicamento do ‘kit Covid’ nesse período. Isso tudo com apoio do grupo Médicos Pela Vida”, denunciou Rodrigues.

(Com informações de Folha de S.Paulo)

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