Fátima alerta que mudança “para valer” tem que ir além das pontuais

Fátima alerta que mudança “para valer” tem que ir além das pontuais

Fátima Bezerra insiste em fim de financiamento privado e ampliação da participação popular no processo político

Uma “reforma política para valer” precisa enfrentar temas fundamentais, como o financiamento dos partidos e candidaturas por empresas privadas, o sistema eleitoral (voto proporcional ou distrital, para as casas legislativas), mecanismos que garantam a ampliação da participação popular no processo político e dispositivos que favoreçam a paridade de gênero na representação política. É o que defende a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), integrante da comissão do Senado que trata do tema e que, na próxima semana, começará a levar ao plenário da Casa as primeiras propostas construídas pelo colegiado.

 “Confesso  que estou muito cética porque não vejo a ousadia e a vontade de dialogar com a sociedade e, de fato, avançar na direção de uma reforma política ampla e profunda”, afirmou a senadora, em pronunciamento ao plenário, na última quinta-feira (9). Fátima. Ela criticou o teor das propostas que estão sendo aprovadas na Câmara dos Deputados, que, no seu entender, são “mudanças para não mudar”, já que as alterações da legislação eleitoral e do sistema político “são mudanças cosméticas, superficiais, que mantêm a espinha dorsal do modelo vigente”.

Para Fátima, é preciso alterar radicalmente o sistema político eleitoral atual, que ela descreve como “esclerosado, vulnerável a vícios, a distorções, a desigualdades, a assimetrias”. O nó da questão, sustenta a senadora, é o financiamento das campanhas por empresas, o que torna o sistema vulnerável à corrupção. “Infelizmente, parece que o Congresso Nacional não quer alterar isso, apesar de as ruas estarem mandando um recado diferente”, criticou ela, citando a pesquisa divulgada no início da semana que mostra 74% dos eleitores contrários ao financiamento das campanhas eleitorais por empresas privadas. O levantamento foi encomendado pela Ordem dos Advogados do Brasil ao Instituto DataFolha.

A senadora alerta que a reforma política será a base para todas as outras grandes reformas reclamadas pelo País, como a tributária e a democratização dos meios de comunicação. “Se não fizermos a reforma base, que é exatamente a reforma da representação política, não teremos como avançar nas outras transformações”. Fátima reafirmou a importância de defender a pauta já definida pelo Partido dos Trabalhadores para uma reforma política de caráter estruturante, com a adoção do financiamento público das campanhas eleitorais, a paridade de gênero na representação política, o voto proporcional em lista a ampliação dos mecanismos de participação da sociedade.

Ela também considera fundamental ouvir a sociedade organizada e lamentou que movimentos como a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas —que reúne mais de 100 entidades do quilate da OAB e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil — não esteja sendo chamada a opinar sobre os trabalhos em curso no Senado. “A Coalizão expressa o sentimento e a esperança da maioria da sociedade brasileira de ver uma reforma política que traga mais ética, mais transparência, mais decência e maior participação popular”.

Cyntia Campos 

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