Senadora diz que o presidente da Câmara não tem condições éticas para julgar ninguémNo momento em que o Congresso Nacional, por ampla maioria, garante a tranquilidade da Nação por meio da revisão da meta fiscal, o Brasil sofria o impacto da retaliação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que decidiu desestabilizar a democracia, abrindo o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Para a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), o gesto vingativo de Cunha foi um ataque contra a democracia.
“Ao tomar uma atitude dessa natureza, sem solidez, sem base jurídica, movido pelo sentimento de vingança, (Cunha) está, na verdade, apunhalando a democracia e tentando dar um golpe nas instituições democrática”, acredita a senadora, que apontou a falta de condições éticas do presidente da Câmara para julgar quem quer que seja.
“Ele está envolvido até o pescoço em graves denúncias de corrupção, ocultação de bens, lavagem de dinheiro e desvio de recursos para o exterior, em vias, inclusive, de ter um processo de impeachment declarado por seus pares, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados”, enumerou.
Para a senadora, o objetivo nada mais era do que atingir o PT, o governo e a democracia. “Eu quero aqui dizer, com muita serenidade, mas com muita firmeza: é muita cara de pau do senhor Eduardo Cunha, ao anunciar o processo de impeachment da presidenta Dilma, justificar, ao anunciar esse processo, que estava fazendo movido pelo sentimento de nacionalismo e patriotismo. É muito cinismo”, disse.
Ela acredita que o fato de o PT ter declarado que os deputados com assento no Conselho de Ética da Câmara votariam contra Eduardo Cunha, endossando o pedido de abertura de processo por quebra de decoro motivou a ira do peemedebista. “Ele lançou mão da arma mais covarde de defesa, que é exatamente a questão da retaliação”, disparou.
Fátima fez questão de reproduzir as palavras da professora Maria Luiza Tonelli, que declarou: “É preciso que fique bem claro que aqueles que são a favor do impeachment apoiam um chantageador, corrupto e imoral. É preciso que fique bem claro que apoiam um elemento que foi instalado na Presidência da Câmara para impor pautas conservadoras, que ferem de morte a democracia, como a redução da maioridade penal, o Estatuto da Família e outras, que reduzem direitos das mulheres. É preciso que fique bem claro que para esses golpistas vale tudo, até destruir o que já foi conquistado a duras penas.
É preciso que fique bem claro que aqueles que são a favor do impeachment apoiam um chantageador corrupto e imoral. É preciso que fique bem claro que apoiam um elemento que foi instalado na Presidência da Câmara para impor pautas conservadoras que ferem de morte a democracia, como a redução da maioridade penal, o Estatuto da Família e outras que reduzem direitos das mulheres. É preciso que fique bem claro que, para esses golpistas, vale tudo. Até destruir o que já foi conquistado a duras penas. É preciso que se dê nome aos bois, ou seja, aos golpistas”.
Ela enumerou os “golpistas”: os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Agripino DEM-RN) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E observou que é uma surpresa verificar que um partido que surgiu como parceiro na luta pela redemocratização agora esteja “obcecado com a ideia do poder pelo poder”.
Em aparte, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) recordou que o argumento para o pedido de impeachment – as supostas pedaladas fiscais – se referem ao ano de 2014, portanto antes do atual mandato da presidenta.
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