Com os punhos cerrados para o alto, Thaíderelembra daquele “tempo bom” iniciado por um operário que ousou chegar à Presidência em 2003. Francisco, El Hombre parece falar de um tal de Luiz Inácio ao cantar que, “apesar de não ser pedra, é preciso endurecer” diante das tragédias que acompanham tantos outros Franciscos e Luízes que tiveram os seus sonhos desmoronados.
Anelis Assumpção invoca o pai Itamar e chama o povo negro a “a destrancar a porta a pontapé” e botar os racistas para correr. Baiana System, Nação Zumbi, Otto e Chico César e mais um punhado de pesos pesados da cultura nacional acabam por fazer de suas vozes o som da diversidade de um Brasil realmente acima de tudo, sem amarras, sem discursos de ódio.
Um Brasil livre, portanto.
Mas todos eles, além tantos outros artistas, sabem que o caminho pela liberdade plena do país passa por outra luta não menos urgente. E foi justamente essa luta que os levaram a dividir o palco nesse domingo (2) durante o festival que ganhou o nome do maior líder popular da história e o sobrenome que o acompanha desde que tornou-se preso político: Lula Livre.
“O que vocês exigem é muito mais que a liberdade do Lula. É a liberdade de um povo que não aceita mais ser prisioneiro do ódio, da ganância e do obscurantismo. Esse ato é na verdade um grito de liberdade que estava preso em nossas gargantas. Mais que um grito, um canto de liberdade”, escreveu ele próprio, Lula, em carta lida por seu neto Thiago.
Canto que começou antes mesmo do festival: às 9h, debaixo de muita chuva, os mineiros e mineiras do Coletivo Alvorada já se dedicavam a limpar o local à espera do público que horas mais transformaria a Praça da República na Praça da Democracia.
Também teve gente que tinha cara de Luiz Inácio, cuja imagem é o retrato mais puro de um Brasil, mas que chamava José, Maria, João, Pedro, Ana e até mesmo Jair – não aquele que insiste em entregar o que não lhe pertence aos estrangeiros.